domingo, 31 de janeiro de 2010









Estava limpando o aquário e de repente um peixe pulou. Tentei salvá-lo.
Ele escapou, pulou e finalmente morreu.
Cantei a Lacrimosa de Mozart e sepultei-o no vaso de violetas.

Nana Pereira


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Mar profundo
























Tela de Bruno Cardona


"Anoiteceu no meu olhar de feiticeira, de estrela do mar, de céu, de lua cheia, de garça perdida na areia.
Anoiteceu no meu olhar, perdi as penas, não posso voar,
deixei filhos e ninhos, cuidados, carinhos, no mar.
Só vei voar dentro de mim neste sonho de abraçar
o céu sem fim, o mar, a terra inteira!
E trago o mar dentro de mim, com o céu vivo a sonhar e vou sonhar até ao fim, até não mais acordar.
Então, voltarei a cruzar este céu e este mar, voarei, voarei sem parar á volta da terra inteira!
Ninhos faria de lua cheia e depois, dormiria na areia..."
(Dulce Pontes)

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mulher revoltada‚ come frito peixinhos de estimação do ex-marido























Após uma discussão com o ex-marido, uma mulher fritou os peixinhos dourados de estimação que o casal havia comprado e estavam na casa do homem, em um subúrbio de Houston, no estado do Texas (EUA), segundo a emissora americana de TV "Fox".
De acordo com o porta-voz da polícia de Pasadena, Vance Mitchell, a ex-mulher pegou os sete peixes dourados que estavam no apartamento do ex-marido e, depois de fritá-los, comeu alguns deles.
Mitchell destacou que a discussão começou sobre algumas joias que o homem tinha dado para a ex-mulher, mas pegou de volta. Ela queria que ele lhe entregasse as joias.
Ao chegar à casa da mulher, os agentes encontraram quatro peixinhos fritos em um prato. A mulher contou que já havia comido os outros três.

Português Brincando Com um Peixinho
























Estava o português em um daqueles imensos aquários, quando se depara com um japonês brincando com um peixinho. Não é que o japonês colocava o dedo num lugar do vidro do aquário e lá ia o peixinho, colocava noutro, e o peixinho como que hipnotizado seguia. O português muito impressionado foi lá perguntar ao japonês como é que ele conseguia aquilo. Ao que o japonês respondeu:

- Simples, mente supelior domina mente infelior, né.
Entra o intervalo comercial, e meia hora depois se retoma a cena. Lá está o português em frente ao peixinho abrindo e fechando a boca.

Peixinho dourado!
























A loira ganhou um peixinho dourado e não sabia o que dar para ele comer.Pediu ajuda para a amiga,que ensinou como botar comida no aquário.A loira olhou maravilhada e depois falou:
-E agora? O que dou para ele beber?

A morte do peixinho!


















Um sujeito estava no jardim de sua casa quando vê o vizinho, no jardim ao lado, cavando um buraco.
Curioso, ele se aproxima da cerca que divide as duas casas e pergunta ao vizinho:
- O que você está fazendo?
- Cavando um buraco pra enterrar meu peixinho dourado que morreu!
- Nossa! Mas esse buraco não é grande demais pra um peixinho de aquário?
- Não. É que o peixinho está dentro da barriga do imbecil do seu gato!

domingo, 10 de janeiro de 2010





Apenas ouve-se um canto,
Tão triste, que faz chorar;
E os pescadores, que o ouvem,
Começam logo a rezar,
Dizendo consigo: é ela,
É ela, a filha do mar!

Bernardo Guimarães

Dinamarca





















A sereia é o símbolo nacional da Dinamarca, e ela está sentada sôbre uma rocha, desde 23 de agosto de 1913, olhando para as águas do Langelinie, em Copenhagen. Ela foi esculpida pelo escultor Edvard Eriksen.

A Sereia





















Um velho marinheiro estava muito triste, sentado perto de um grande rochedo, aonde as ondas do mar vinham bater com toda força fazendo um enorme barulho e deixando um lençol branco de espuma.

Olhando toda aquela beleza pensava como era feliz quando mais jovem e cheio de energia ia para o mar navegar. Sempre tinha em mente que algum dia encontraria uma sereia. Mas havia passado uma grande parte de sua vida, dedicado ao mar e nunca tinha ouvido o canto da sereia.

Os marinheiros contavam histórias de sereias e de como elas eram bonitas.

___Como gostaria que acontecesse alguma coisa em minha vida, para que pudesse realizar o meu grande sonho.

Olhou firme para o mar batendo nas pedras e gritou bem alto:

____Sereia desse imenso mar azul, realize o meu sonho, apareça e cante para mim.

Houve um grande silêncio, até as ondas não estouraram nos rochedos, Os pássaros voaram para longe. Era como se o tempo tivesse parado.

Ao longe começou a ouvir um som agudo e depois esse som se tornou melodioso.

O marinheiro colocando as mãos na boca, espantado falou bem baixo: __Não, não é verdade! Não pode ser! Acho que é o canto da sereia!

Então da água, começou a emergir os mais belos cabelos longos e um lindo rosto de mulher, como ele nunca tinha visto, olhava e acenava as mãos.

O pescador olhou e disse:

___É uma mulher que está mergulhando próximo do rochedo, é muito perigoso! Que pena, bem que poderia ser uma sereia!

Ele gritou:

___Moça, saia de perto das pedras, a maré vai subir e você vai se machucar.

Ela sorriu.

___Você não me chamou? Eu estou aqui! Estou sempre perto de você, mas você está sempre tão ocupado não me notava.

O pescador levou um grande susto, quando aquele ser mitológico metade mulher, metade peixe foi saindo da água sentando em uma pedra, sorriu batendo a cauda na água provocando espumas para todos os lados.

A sereia percebeu lágrimas nos olhos do pescador que mais pareciam pérolas e ficou penalizada. Pensou, pensou e disse:

___Pescador, vamos fazer um trato? Não gosto de ver um homem do mar triste, enquanto você viver, eu ficarei aqui nos rochedos para que possa conversar comigo quando quiser.

Ele não podia acreditar no que ouvia e via.E acenou com a mão num sinal de positivo.

Rumou para casa acenando para a sereia e ela respondia com seu canto maravilhoso e no seu nadar sedutor, dizendo:

___Eu voltarei, até mais amigo!

Neuza Razza

























"A Voz Não é Minha. É das Sereias"

Maria Bethânia

Sereia



















Clara como a luz do sol
Clareira luminosa
Nessa escuridão
Bela como a luz da lua
Estrela do oriente
Nesses mares do sul
Clareira azul no céu
Na paisagem
Será magia, miragem, milagre
Será mistério!...

Prateando horizontes
Brilham rios, fontes
Numa cascata de luz
No espelho dessas águas
Vejo a face luminosa do amor
As ondas vão e vem
E vão e são como o tempo...

Luz do divinal querer
Seria uma sereia
Ou seria só
Delírio tropical, fantasia
Ou será, um sonho de criança
Sob o sol da manhã...

Clara como a luz do sol
Clareira luminosa
Nessa escuridão, hum! hum!
Bela como a luz da lua
Estrela do oriente
Nesses mares do sul
Clareira azul no céu
Na paisagem
Será magia, miragem, milagre
Será mistério!...

Prateando horizontes
Brilham rios, fontes
Numa cascata de luz
No espelho dessas águas
Vejo a face luminosa do amor
As ondas vão e vem
E vão e são como o tempo...

Luz do divinal querer
Seria uma sereia
Ou seria só
Delírio tropical, fantasia
Ou será, um sonho de criança
Sob o sol da manhã...
Composição: Lulu Santos / Nelson Motta

Soneto da Sereia





 















Quando vejo na praia a bela sereia

Meu coração queima em ardor.

Será o fogo da bela na areia,

Ou será a chama queimando de amor?

A bela que passa marcando a areia,

Traz fogo à água com marcas de amor.

O fogo ardente faz bela a sereia,

A musa da água que arde em calor.

O mar de fogo beijando a areia

Incendeia a praia, braseia o coração.

Será a magia da bela sereia?

Será o fogo da beleza alheia?

Sonhos sublimes sonhados em vão,

Solenes sonhos… sonhadas sereias.

A sereia e o pescador





















C’est la sirene,
Qui va chanter
La cantilene,
Qui fait aimer.

Sereia
Viver aqui eu não posso
Nem no vale, nem na serra;
Eu não sou filha da terra,
Eu sou sereia do mar.
Correi, ondas, brandamente,
Correi, vinde me buscar.

Nasci no seio das vagas,
Numa gruta de cristal;
Em colunas de coral
O meu berço se embalou.
Ondas, levai-me convosco,
Que eu desta terra não sou.

O amor criou-me entre pérolas
Sobre fúlgidas areias,
Mago canto de sereias
Meus sonos acalentou.
Ondas, levai-me convosco,
Que eu também sereia sou.

Eu não sou filha da terra,
Vivo triste nestas plagas;
Embalada sobre as vagas,
Só no mar quero viver.
Correi, vinde, ó minhas ondas.
A meus pés vinde gemer,

No regaço cristalino
Brandamente me tomai;
Aos plácios de meu pai
Vinde, vinde me levar.
Correi, ondas, pressurosas,
Levai a filha do mar.

E se alguém na terra ingrata
Sentindo loucos amores,
Meus encantos e favores
Insensato desejar,
Em torno a mim, bravas ondas,
Vinde em fúria rebentar.

Em solitário rochedo,
Batido pelas tormentas,
Ide, ó ondas turbulentas,
Ide longe me ocultar.
Rugindo ali noite e dia,
Guardai a filha do mar.

Sentada ao pé de um rochedo,
Com os pés na branca areia,
Assim cantava a sereia
A linda filha do mar.
E a onda mansa, gemendo,
Os pés lhe vinha beijar.

Pescador, que além vogava,
No seu batel escondido,
Absorto prestava ouvido
A tão saudoso cantar,
E a vela e o remo esquecia
Ouvindo a filha do mar.

III

PESCADOR

Não mais lamentes
Em tom magoado
Teu triste fado,
Filha do mar.

Vem a meu barco,
Nos braços meus
Aos lares teus
Te irei levar.

De novo os belos
Paços reais,
Entre os cristais
Irás saudar,

E sobre as finas,
Fulvas areias,
Entre as sereias
Irás cantar.

Embora sejam
Teus ermos lares
Entre os algares
Do fundo mar.

Sejam embora
Negro alcantil,
Que monstros mil
‘Stão a guardar,

Onde as tormentas
Sempre batendo,
Com ronco horrendo
Vão rebentar.

Irei, se queres,
Agora mesmo,
Sem medo, a esmo
Te acompanhar.

Meu barco é leve,
Meu braço é forte,
E a própria morte
Sabe afrontar.

Só peço em paga
Da doce lida
Passar a vida
A te adorar,

E a teus joelhos
Sempre prostrado
Teu rosto amado
A contemplar.

Oh! vem comigo,
Vem pressurosa,
Vem, ó formosa
Filha do mar.

IV

Calou-se o barqueiro amante;
Mas depois ouviu, tremendo,
Um canto, que mais ao longe,
Mais ao longe foi morrendo.
A cantar e a fugir
A sereia ia dizendo:

SEREIA

Eu sou pérola das vagas,
Que nao sei, nem quero amar;
O meu peito é como a rocha,
Onde em vão esbarra o mar.
Mancebo, vai noutra parte
Teus amores suspirar.

Do que existe sobre a terra
Nada me pode agradar;
Só amo a Deus nas alturas,
E a liberdade no mar.
Mancebo, vai noutra parte
Teus amores suspirar.

V

Desta canção fugitiva
Os ecos ainda duravam,
E nas praias suspiravam
Entre os bramidos do mar;
E o pescador entre angústias
Sentia o peito estalar.

PESCADOR

Por que foges, branca fada
De formosura sem par?
Por que me escondes teu brilho,
Formosa estrela do mar?…
Ronca em torno a tempestade.
Meu barco vai soçobrar.

Só tu podes no meu peito
Uma esperança plantar;
E as tormentas, que me cercam,
Com tua luz aplacar.
Nestes medonhos abismos
Nao me deixes soçobrar.
Ferve o mar, o céu em chamas

Vem abismos aclarar;
Nestas águas desastrosas
Vai meu barco soçobrar.
Vem salvar-me por piedade,
Formosa estrela do mar.

VI

Longos dias se passaram;
Ninguém mais ouviu cantar
A linda filha das águas
Nem na praia, nem no mar.
E vivia o pescador
Triste e só a definhar.

Se ousava nas ermas praias
Seu queixoso canto alçar,
Só ouvia longe, longe
Uma voz a lhe bradar:
“Mancebo, vai noutra parte
Teus amores suspirar.”

VII

Passaram mais dias, meses;
já cansado de pensar
O pescador sem
barco soltou ao mar.
Ei-lo sem norte e sem rumo
Nas ondas a resvalar.

Ei-lo que vai mar em fora.
Nas ondas do mar bravio
Seu amor louco e sombrio
Quer consigo sepultar.
Contra uma rocha empinada
Vai seu barco espedaçar.

Mas eis soa-lhe aos ouvidos
Voz celeste e maviosa,
Em toada lamentosa
Tristes coplas a cantar.
Aos acentos suspirosos
Cala a brisa, e geme o mar.

VIII

SEREIA

Sou moça e sou formosa;
Dos mares sou princesa;
Em graças e beleza
Jamais achei igual.
E vivo aqui sozinha,
Ai céus! para meu mal.

E vivo aqui sozinha
No seio de esplendores;
Ninguém quer meus amores
Ninguém me vem buscar.
E eu sou a mais formosa
Das filhas deste mar.

E eu sou a mais formosa
E a mais alva açucena,
Que sobre a onda serena
Balança o airoso hastil.
Mas nesta solidão
Que serve ser gentil?

Mas nesta solidão
Ninguém vem consolar-me;
E sempre a lastimar-me
Aqui morrerei só.
Ai triste de mim! triste!
Ninguém de mim tem dó.

IX

Ouvindo a canção chorosa
O barqueiro estremeceu,
E entregue a seus devaneios
O leme e a vela esqueceu
E com olhar desvairado
O horizonte percorreu.

Nem no mar, nem no rochedo
Vulto humano percebeu
E esta frase piedosa
Pelos lábios lhe tremeu:
“Esta triste, que assim chora,
É infeliz, como eu.”

Depois firme e resoluto
Em pé na proa se ergueu,
E para às alheias mágoas
Juntar o queixume seu
Alçando a voz sobre as vagas
Desta sorte respondeu:

X

PESCADOR

Por entre as ondas bravias,
De mil tormentas batido,
Em busca de um bem perdido
Voga, voga, ó batel meu.
Voga!…um dia saberemos
Onde a ingrata se escondeu.

Houve um dia, uma sereia…
Oh! que linda ela não era!…
Porém tão ingrata e fera,
Que de amor me enlouqueceu.
Dizei, nuas penedias,
Onde a ingrata se escondeu.

Ela deixou-me, – a cruel! -
Entregue a negros pesares,
Lastimando sobre os mares
O triste destino meu.
Dizei-me, ó ondas sonoras,
Se ela de mim se esqueceu

Se nas asas do tufão
Devassando o mar profundo
Na raia extrema do mundo
A meus olhos se escondeu,
Neste barco aventureiro.
Lá mesmo voarei eu.

Se entre monstros marinhos
Lá no mais fundo dos mares,
Em cristalinos algares
Se oculta o retiro seu,
Em meu amor confiado
Lá também descerei eu.

Se entre rochas malditas,
Entre grossos vagalhões,
Defendidos por dragões
Seus palácios escondeu,
Mil mortes desafiando
Lá mesmo chegarei eu.

Por entre as ondas bravias
De mil tormentas batido
Em busca de um bem perdido
Voga, voga, ó batei meu.
Voga!…um dia saberemos,
Onde a ingrata se escondeu.

XI

SEREIA

Nestas praias solitárias
Que procuras, pescador?…
Vens buscar pérola finas,
E corais de alto valor?…
Se tais tesouros desejas,
Voga além, ó pescador.

Que estrela por estes mares
Te conduz, o pescador?…
Queres ser nauta valente,
Deste mares ser o senhor?…
Se tal ambição te ocupa
Passa além, ó pescador.

Os mistérios saber queres
Desta ilha, ó pescador?…
E deste asilo os segredos
Aos olhos do mundo expor?
Se é esse o desejo teu,
Vai-te embora, ó pescador.

Mas se perigos insanos
Afrontando sem pavor,
Nesta ilha solitária
Tu vens procurar amor
A meus braços sem detença,
Corre, voa, ó pescador.

XII

Na base da penedia
O vulto branco surdiu
De uma donzela formosa
Como igual nunca se viu.
Para lá o pescador
O barco seu impeliu.

Saltando na branca areia
Aos pés da bela caiu;
Mas ela com brando riso
Meigas frases proferiu,
Beijou-lhe a fronte incendida
E os alvos braços lhe abriu

O batel abandonado
No pego se submergiu,
E o ditoso par amante
Entre rochas se sumiu,
E por aquelas paragens
Nunca mais ninguém os viu.

Às vezes por horas mortas,
Pelas noites de luar
Ao largo vê-se um barquinho
Solitário a velejar.
Quem vai dentro não se sabe
Nem se vê ninguém remar.

Apenas ouve-se um canto,
Tão triste, que faz chorar;
E os pescadores, que o ouvem,
Começam logo a rezar,
Dizendo consigo: é ela,
É ela, a filha do mar!

Bernardo Guimarães

Sereia

























Castanhas madeixas, pendem sobre tua reluzente face
Acentuando o brônzeo tom de tua acetinada pele

Altiva Siren!
Anseio ser encantado pelo hipnotizante som de tua voz

Majestosa Nereida
Se a areia eu fosse
Que prazer seria, sentir sobre mim, teu corpo sensualmente repousado!

Tua essência me inflama, tal e qual o sol, que irradia seu calor sobre teu corpo
Aquecendo-te, levando-te a um lânguido relaxamento físico e mental

Em meus devaneios, desejo ser o vento, a circundar-te, brincando em teus cabelos
Soprando suavemente os pelos da tua nuca, fazendo percorrer por todo teu corpo um eletrizante calafrio!

Desejo também ser o mar
E, ver-te caminhar soberanamente em minha direção
Adentrar ao meu ser, sem pedir ou vacilar
Permitindo que eu vá aos poucos, envolvendo ao teu corpo, sentindo simultâneamente à cada centimetro do teu ser!

Deixo em teus lábios, meu sal, ao qual recolhes com a ponta da língua!

Sei que à noite, muito depois que me deixaste
Meu calor ainda está em tua pele
Que meus sussurros, ainda ecoam em teus ouvidos...
Meu gosto, ainda está em tua boca!

Assim...
Mesmo distante
Estou contigo
Estou em tí!

Humberto



















A sereia com o seu canto encantador, leva os marinheiros desavisados para os rochedos.

Tarcísio Nunes




















"Deve-se evitar a preguiça, essa sereia enganadora."

(Horácio )


 






















Na mitologia grega as sereias eram criaturas de extraordinária beleza e de uma sensualidade irresistível. Quando cantavam, atraíam os navegantes que não conseguiam pelejar contra seu poder de sedução. Obcecados por aquela melodia sobrenatural, os pilotos arremessavam seus navios contra as rochas da ilha, naufragavam, e as sereias devoravam os tripulantes. Os gregos relatam que apenas dois conseguiram vencer o encanto de inimigas tão terríveis. Orfeu, o deus mitológico da música e da poesia, encontrou um recurso. Quando sua embarcação aproximou-se de onde estavam as sereias, ele salvou seus parceiros, tocando uma música ainda mais doce e envolvente do que aquela que vinha da ilha. A outra solução foi encontrada por Ulisses. O herói da Odisséia não possuía talentos artísticos. Sem dons, sabia que não venceria as sereias. Reconhecido de sua fraqueza e falibilidade, concebeu outro plano. No momento em que sua embarcação começasse a se aproximar da ilha sinistra, mandaria que todos os homens tapassem os ouvidos com cera e que o amarrassem ao mastro do navio. Depois que encarou sua fraqueza e incapacidade de enfrentar as armadilhas das sereias, rumou para a ilha conforme o plano. Do mesmo modo, deu ordem aos tripulantes: mesmo que implorasse para que o soltassem, as cordas deveriam ser apertadas ainda mais. Quando chegou a hora, Ulisses foi seduzido pelas sereias como previra, mas seus marinheiros não o libertaram. Quase louco, pedindo para ser solto, passou incólume pelo perigo. O relato mitológico termina afirmando que as sereias, decepcionadas por haverem sido derrotadas por um simples mortal, afogaram-se no mar. O que salvou Ulisses não foi a percepção de sua superioridade, mas a consciência de sua fragilidade.

Ricardo Gondim














Mostrai-me as anémonas, as medusas e os corais
Do fundo do mar.
Eu nasci há um instante.

Sophia de Mello Andresen



















E os corpos espalhados nas areias
Tremem à passagem das sereias,
As sereias leves de cabelos roxos
Que têm olhos vagos e ausentes
E verdes como os olhos dos videntes.

Navio Naufragado, Sophia de Mello Andresen

O Canto das Sereias























As sereias nadam alegres na Praia do Desejo,
Cantando belas canções de amor ao vento;
Sonhando, ardentes, dele receber um beijo,
Um beijo do Amor, um beijo em pensamento.

O azul claro do céu de súbito invade o mar,
Nos rostos lindos delas um sorriso sensual,
Uma eterna magia que o mundo faz sonhar,
Um doce olhar, um amor belo, especial.

Os navios naufragados jazem abandonados
No fundo do mar, pelo tempo olvidados,
Com os corpos de marinheiros afogados.

Mas o canto delas é um canto de encantar,
É apaixonado, é um canto que faz sonhar,
Elas cantam porque o Amor querem amar.


(josé luís santos)

Balada Do Rei das Sereias






















O rei atirou
Seu anel ao mar
E disse às sereias:
– Ide-o lá buscar,
Que se o não trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
Foram as sereias,
Não tardou, voltaram
Com o perdido anel.
Maldito o capricho
De rei tão cruel!
O rei atirou
Grãos de arroz ao mar
E disse às sereias:
– Ide-os lá buscar,
Que se os não trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
Foram as sereias
Não tardou, voltaram,
Não faltava um grão.
Maldito o capricho
Do mau coração!
O rei atirou
Sua filha ao mar
E disse às sereias:
– Ide-a lá buscar,
Que se a não trouxerdes,
Virareis espuma
Das ondas do mar!
Foram as sereias...
Quem as viu voltar?...
Não voltaram nunca!
Viraram espuma
Das ondas do mar.

Manuel Bandeira

O Cântico da sereia….










 












Ó cântico das sereias perdidas,
Em torno dos mares salgados,
Brotam corais de cores vivas,
E olhares bem apagados.

Sombra virgem que gela a morte
Olhos vagos
Tristes, pequenos
Sem vida, sem sorte
Noite negra tão breve e vazia
No escuro trazes de volta
O cantar da sereia para, quebrar
O silêncio mudo do meu dia.

José Costa

A Sereia


























O mar,
mestre dos navegantes,
berço de belos romances,
começo e fim de grandes amores,
guardião do farol solitário,
tem a cor imprecisa dos teus olhos
e o estranho brilho da tua pele
morena.

Ah! O mar me traz tantas saudades.
Ah! O mar, o eterno mar.

Teu riso infantil me dizia
o quanto querias
ser minha no mar,
dois corpos nus rolaram na areia
tendo a noite por testemunha,
e o mar que se abriu para nós
esconde o sol
e as estrelas do céu,
afogando as paixões sem piedade.

Ah! O mar, o imenso mar.
Mar que me mata devagar.

O mar,
casa dos marinheiros,
rota dos barcos de pesca,
lar dos pescadores,
amante de Iara,
tem a cor indefinida dos teus olhos
e o mistério dos teus cabelos
molhados.


O mar
cujas ondas tocam-me a alma,
é o mesmo mar que esconde os afogados.
O mar levou o meu coração para bem longe
e me aprisionou em ilhas distantes,
na ilha da Ilusão,
na ilha da Saudade,
na ilha do Amor,
e todas estas ilhas... distantes de ti,
meu amor,
e dos teus olhos indiferentes
cor do mar.

Quanta saudade eu tenho do mar.
Ah! O mar foi feito para os lunáticos.

O mar,
velho contador de histórias,
numa noite escura e fria,
veio até mim e revelou
onde escondeu o meu amor.
Então, eu caminhei pela praia,
enfrentei as ondas,
entrei nas águas
e fui buscar o teu coração, Sereia,
melancolicamente,
no fundo do mar.


Vicente Miranda

Uma sereia procura o seu mar





















uma sereia procura o seu mar
e o encontra no paraíso
estava lindo e a cantar
num belo som tranquilo

a sereia se delicia com a musica
e no seu som tranquilo começa a entrar
vai mergulhando no oceano
que sempre a vai com delicadeza banhar

a sereia vem ao de cima
e para todos os lados começa a olhar
encontra ao longe um barquinho
e um marinheiro por quem se vai apaixonar

ela nada rumo ao barco
o marinheiro fica a ver
uma sereia tão encantadora
que nem a sua beleza consegue descrever

olham-se nos olhos
trocam um beijar
e dizem um ao outro
para sempre te vou amar


Blue Heaven

A Pequena Sereia


















Ariel era uma jovem sereia, filha do rei Tritão. Gostava muito de
nadar na superfície do mar, e ficar espiando a maneira de como viviam os
humanos.
Um dia, ela encontrou um navio que afundava, e salvou um de seus
tripulantes. Ela o levou até a praia, e passou a noite cuidando do
príncipe desmaiado.
Pela manhã, quando o príncipe Eric acordou, Ariel já havia ido
embora, e ele só conseguia lembrar da linda voz de sua salvadora.
Os dois se apaixonaram, embora o príncipe não se lembrasse do rosto
de Ariel. Ela decidiu que queria casar com Eric, e foi conversar com seu
pai:
– Minha filha, você é uma sereia, e não pode amar um humano. Os
humanos tem pernas, e nós temos cauda, portanto você não conseguiria
sobreviver fora do mar.
Muito triste, ela foi procurar a Bruxa dos Mares, e pediu que seu
rabo fosse transformado em pernas. A bruxa pediu em troca sua linda voz.
Ariel concordou com a troca. A bruxa ainda disse que ela teria um
mês para conquistar o príncipe, caso contrário, viraria escrava dos
mares.
A Pequena Sereia, tomou uma poção mágica, e depois desmaiou. Quando
acordou estava em uma linda praia, com o Eric ao seu lado.
Eles se tornaram amigos, e o príncipe levou Ariel para morar no seu
castelo. Ele contou a ela que estava apaixonado por uma moça, mas apenas
se lembrava da linda voz que ouvira.
Como Ariel estava muda, não conseguiu falar de seu amor por ele. O
tempo estava passando e a cada dia Eric se encantava mais com a bondade
de Ariel.
A bruxa percebendo isso, resolveu, que estava na hora de interferir.
Ela se transformou em uma linda moça, e foi procurar o príncipe.
Ela carregava a voz de Ariel em um medalhão pendurado no pescoço.
Quando escutou aquela linda voz, Eric achou que havia encontrado a moça
que o salvara.
Encantado com o acontecimento, foi marcado o casamento. Este seria
realizado no navio do príncipe Eric.
No sair do casamento, por acidente, o medalhão caiu no chão e se
quebrou.
Imediatamente a bruxa voltou a sua antiga forma, e Ariel recuperou
sua voz.
O príncipe percebeu que estava sendo enganado, e expulsou a bruxa do
navio. Ele ficou muito feliz porque descobriu que a sua salvadora era
Ariel.
Os dois se casaram, e o pai de Ariel a transformou em humana para
sempre. Ariel e o príncipe Eric foram muito felizes.

Sereia








Naufragam todos os barcos
Que passam ao largo de ti,
Encantas-lhes os marinheiros,
Ficam sem saber de si.
És sereia enganadora,
Com teus cantos de encantar,
Coitado de quem se afoita,
Nas águas frias do mar,
Onde ficas noite e dia,
Lançando os teus feitiços,
Cantando sem alegria,
Para os corações mortiços.

Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.

Os que pensam estar na rota,
Mais segura deste mundo,
Ao passarem na tua ilhota,
O seu barco vai ao fundo.
Coitados dos navegantes,
Não sabem como escapar,
É poderosa a magia,
Que os leva a naufragar;
Mesmo que avisados,
Por outros que lá passaram,
Querem tentar ser primeiros,
Daqueles que te enganaram.

Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
Só um deles foi Ulisses,
Mas guarda-lo bem, não o mostras,
Encantou-te o coração
Desfazes os dos outros e gostas.
Só um deles foi capaz
Em noite de distracção,
Ir montado no seu barco
E roubar-te o coração.
Só há um afortunado,
Quem dera que fosse eu,
Fiquei por ti encantado
Mas o teu amor venceu.

Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.

Christian de La Salette

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Ondinas


























As Ondinas, os elementais da água, funcionam na essência invisível e espiritual chamada éter úmido.
A beleza parece ser uma característica comum dos espíritos da água. Onde quer que as encontremos representadas na arte e na escultura, são sempre cheias de graça e simetria. Controlando o elemento água - que sempre foi um símbolo feminino - é natural que os espíritos da água sejam com mais freqüência simbolizados como fêmeas.
Existem muitos grupos de Ondinas. Algumas habitam cataratas, onde podem ser vistas entre os vapores; outras têm o seu habitat nos pântanos, charcos e brejos, entretanto outras, ainda, vivem em claros lagos de montanha. Em geral quase todas as ondinas se parecem com seres humanos na forma e tamanho, embora aquelas que habitamos rios e fontes tenham proporções menores. Normalmente elas vivem em cavernas de corais ou nos juncais à margem dos rios ou das praias.
As Ondinas servem e amam sua rainha, Necksa. Elas são antes de tudo seres emocionais, amigáveis para com a vida humana e que gostam de servir à humanidade. Às vezes são representadas cavalgando golfinhos marinhos e outros peixes grandes, e parecem ter um amor especial pelas flores e plantas, às quais servem de maneira tão devotada e inteligente quanto os gnomos.
Os antigos poetas diziam que as canções das ondinas eram ouvidas no vento oeste e que sua vidas eram consagradas ao embelezamento da Terra material.Esta Invocação deverá ser feita, com os pés descalços, em direção ao Norte e próximo de água corrente ou com uma vasilha de água fresca e cristalina:
“Eu vos saúdo, Ondinas, Que constituís a representação do elemento Água; Conservai a pureza da minha alma, como o o Elemento mais precioso, da minha vida e do meu organismo. Fazei-me pleno de sua criação fecunda, e dai-me sempre intuição de forma nobre e correta. Mestres da Água, eu vos saúdo fraternalmente. Amém.” Com esta Invocação, pode-se obter amor, intuição, sensibilidade e tudo aquilo que a água pode nos dar.

Os elementais das águas!


























Os elementais das águas são as ondinas, sereias e ninfas (tritons, naiades).

Ondinas - Vivem nos riachos, nas fontes, no orvalho das folhas sobre as águas e nos musgos. São reconhecidos por terem o poder de retirar das águas a energia suficiente para a sua luminosidade, o que permite ao homem, por muitas vezes, percebê-los em forma de um leve "facho de luz".
Sereias - São elementais conhecidos como metade mulher e metade peixe, delicados e sutis, com o poder de encantar e hipnotizar o homem com seu canto.
Ninfas - São elementais que se assemelham às ondinas, porém um pouco menores e de água doce. Apresentam-se geralmente com tons azulados, e como as ondinas maiores, emitem suas vibrações através de sua luminosidade. A diferença básica entre uma e outra, encontra-se na docilidade e beleza das ninfas, que parecem "voar" levitando sobre as águas em um balé singular.

Sereias





















As Sereias quando incorporam, não costumam falar. Emitem um som que imita um canto, mas é um mantra repetido o tempo todo.

Quem as viu, descreveu-as tal como nos mitos sobre as sereias gregas: metade mulher, metade peixe!

Há na criação dimensões da vida que são, em si, realidades plenas e destinadas a formas de vida específicas. Dimensões que não têm início ou fim, pois são infinitas e totalmente aquáticas.

Espíritos que sempre viveram e evoluíram dentro d’água também receberam de Deus tudo de que precisavam para se adaptar ao meio destinado a eles.

A metade humana indica que são espíritos. A metade peixe indica que se adaptaram ao meio durante suas evolução.

São seres "encantados" da natureza aquática e também estão evoluindo.

Esses espíritos são possuidores de formidáveis poderes que, se colocados em nosso auxilio, muito nos ajudam.

Como o arquétipo já existia em função dos mitos e das lendas sobre elas e das visões desses seres encantados, então não foi surpresa elas se manifestarem quando se canta para Iemanjá.

Mitos de Peixes



























Existem várias versões para o mito das sereias. A princípio acreditava-se que haviam apenas dois exemplares. Partênope e Lígia. Versões posteriores acrescentam Leucósia como o terceiro elemento. Uma tocava lira, outra cantava e a terceira tocava flauta. Eram jovens de uma beleza sem par e integravam o cortejo da misteriosa Perséfone. Quando Hades, o deus dos infernos raptou Perséfone, as sereias pediram aos deuses asas para que pudessem procurar sua ama em todos os lugares. Há uma versão que Deméter, a mãe de Perséfone, irada com seu rapto, subtraiu as asas das sereias e transformou-as em monstros.

Outra versão conta que Afrodite, enciumada com a beleza de suas concorrentes, transformou-as em sereias ou seja metade mulheres e da cintura para baixo peixes para que nunca pudessem vir a usufruir dos prazeres do corpo.

Como empregadas de Perséfone, agora a rainha dos onfernos, as sereias estavam encarregadas de levar as almas para sua senhora. Ficavam muna ilha do Mediterrâneo aguardando a passagem de barcos com pescadores e marinheiros para depois de enfeitiçá-los com sua beleza e cânticos, as vítimas sucumbissem e, então cumpririam a missão de levar-lhes as almas.

Numa outra versão a sereia se apaixona por um jovem ingênuo. Os dois compartilhavam de mundos completamente diferentes mas para poderem ficar juntos, a sereia depois de analisar todo o sacrifício que deveria fazer propõe ao jovem algumas condições.

Este não poderia perguntar-lhe o verdadeiro nome, não poderia abrir uma caixinha dourada que a mesma guardava em seu armário e nem entrar no quarto dela numa determinada hora. Estas condições só foram respeitadas temporariamente e, transgredindo as solicitações seja por simples curiosidade seja por desrespeito, o encanto quebrou-se e os dois não puderam mais conviver juntos e a sereia partiu para sempre deixando o jovem desolado.

Cada uma das passagens apresentadas tem muitas das características das pessoas que tem a data de nascimento compreendida entre "20 de fevereiro" e "20 de março", ascendente em Peixes ou que tem Netuno como planeta importante no Mapa Natal.

Tua sereia mulher




















Existe um lado que é fera,
Briga e luta até entrega.
Mas um lado é como anjo,
Notas suaves deste banjo.

Meiga e dócil, sedutora,
Frágil, esperta, amadora.
A mulher que tanto queres,
Vive ao sabor dos mares.

Num cantar de enfeitiçar,
Muitos versos à traçar,
É sereia e mulher,
A verdade que quer!

Nice Aranha

História das sereias


























Numa noite calma de primavera ou outono, o marinheiro deixa deslizar docemente seu barco perto das margens semeadas de rochedos e ouve ao longe, no marulho das ondas, o gorjeio de uma ave. Esse gorjeio, entrecortado por gritos estridentes e zombeteiros, ganha os ares e passa invisível com um estranho síbilo de asas, por cima da cabeça do marinheiro atento, dando-lhe a impressão de um concerto de vozes humanas. A sua imaginação lhe representa grupo de mulheres que se divertem e tentam desviá-lo de seu rumo. Ele acaba se aproximando mais para identificar a voz e sua embarcação se quebrará nos rochedos. Esta é sem duvida, a origem de todas as fábulas das Sereias. Mas devemos agradecer a estes poetas que criaram esta lenda tão maravilhosa. As sereias na época de homero eram 3 irmãs, filhas do deus Aqueló e da musa Calíope. Lígia toca flauta, Parténope lira e Leucósia lê textos e cantos. Seus nomes gregos evocam as idéias de candura, de brancura e de harmonia. Outros dão-lhes os nomes de Aglaofone, Telxieme e Pisinoe, denominações que exprimem a doçura da sua voz e o encanto de suas palavras. Conta-se que elas eram ex-companheiras de Perséfone, filha de Deméter, que foi raptada por Plutão(Hades), Senhor dos Infernos. Segundo a lenda, as sereias devem sua aparência a Deméter, que as castigou por terem sido negligentes ao cuidarem de sua filha. Ovídio, ao contrário, diz que as Sereias, desoladas com o rapto de Perséfone, pediram aos deuses que lhes dessem asas para que fossem procurar a sua jovem companheira por toda a Terra. Habitavam rochedos escarpados sobre as margens do mar, entre a ilha de Capri e a costa de Itália. O oráculo predissera às Sereias que elas viveriam tanto tempo quanto pudessem deter os navegantes à sua passagem, mas desde que um só passasse sem para sempre ficar preso ao encanto de suas vozes e das suas palavras, elas morreriam. Por isso essas feiticeiras, sempre em vigília, não deixavam de deter pela sua harmonia todos os que chegavam perto delas e que cometiam a imprudência de escutar os seus cantos. Elas tão bem os encantavam e os seduziam que eles não pensavam mais no seu país, na sua família, em si mesmos. Esqueciam de beber e de comer e morriam por falta de alimento. A costa vizinha estava toda branca de ossos daqueles que assim haviam perecido. Entretanto, quando os Argonautas passaram nas suas paragens, elas fizeram vãos esforços para atraí-los. Orfeu, que estava embarcado no navio, tomou sua lira e as encantou a tal ponto que elas emudeceram e atiraram os instrumentos ao mar.Ulisses, obrigado a passar com seu navio adiante das Sereias, mas advertido por Circe, tapou suas orelhas e de todos os seus companheiros e se fez amarrar os pés e as mãos ao mastro principal. Além disso, proibiu que de lá o tirassem se, por acaso, ouvindo o canto das Sereias, ele exprimisse o desejo de sair. Não foram inúteis essas precauções. Ulisses, mal ouviu as doces vozes e as promessas sedutoras das Sereias, deu ordem para que seus marinheiros o soltassem, o que felizmente eles não fizeram. Pausânias conta ainda uma fábula sobre as Sereias:"as filhas de Aqueló, diz ele encorajadas por Juno, pretendiam a glória de cantar melhor do que as Musas, e ousaram fazer-lhes um desafio, mas as Musas, tendo-as vencido, arrancaram-lhe as penas das asas e com elas fizeram coroas." Com efeito, existem antigos monumentos que representam as Musas com uma pena na cabeça. Apesar de temíveis ou perigosas, as Sereias não deixaram de participar das honras divinas e tinham um templo perto de Sorrento.

Bibliografia consultada: As mais belas histórias da Mitologia - Sérgio D. T. Macedo

Meu amor é pescador



 





















CANTO I



Meu amor é pescador

Pesca da alma lamentos

Limos de mágoa e de dor

Em rede de sofrimentos



Tombam-lhe perlas de prantos

Do seu olhar marejado

Ao relembrar desencantos

Dum mar dantes navegado



Virgem da Boa-Viagem

Rasga-lhe a rede-tormentos

Ata-lhe engodo coragem

Na linha dos pensamentos



Dá-lhe rede de estesia

Pra içar do imo o tesouro

Essa arca da alegria

Que jaz em areias d’ouro



Que ele volte a olhar o mar

Sem sal que na f’rida doa

Embevecido o olhar

Numa gaivota que voa



Meu amor é pescador

Que venha a ele a viragem

Que afunde mágoas e dor

Virgem da Boa-Viagem!





CANTO II





Foi ao mar o meu amor

E o temporal o turvou

Onde era um céu viu terror

E temeroso atracou



Onde era azul viu negrume

E o verde se acinzentou

Foi como maré de lume

Que a onda branca queimou



Na sua alucinação

Viu-se amarrado na teia

Das vozes do coração

Duma amorosa sereia



Assustou-se, teve medo

Dessa tágide o prender

E dessa visão de enredo

Fugiu ao amanhecer



Não tinha rede a sereia

Nem anel de cativeiro

Que a navegantes enleia

E aterra um marinheiro



Cala a sereia seu canto

Silenciando a doçura

E de sal se fez o pranto

Petrificada amargura



Quebrou-se o encantamento

Ficou livre o pescador

Desse pesado tormento

Que era só canto d'amor!


 Carmo Vasconcelos