segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

























As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio.
Franz Kafka

Numa concha



 















Pudesse eu ser a concha nacarada,
Que, entre os corais e as algas, a infinita
Mansão do oceano habita,
E dorme reclinada
No fofo leito das areias de ouro...
Fosse eu a concha e, ó pérola marinha!
Tu fosses o meu único tesouro,
Minha, somente minha!
Ah! com que amor, no ondeante
Regaço de água transparente e clara,
Com que volúpia, filha, com que anseio
Eu as valvas de nácar apertara,
Para guardar-te toda palpitante
No fundo de meu seio!

Olavo Bilac

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O pescador



 















A terra bebeu a neve
E,de novo,desabrocham
As flores de pessegueiro.
O lago é prata derretida
E são ouro recente
As folhas do salgueiro.
Sobre as flores,
Borboletas empoadas
Descansam suas cabeças de veludo.
Quebra-se a superfície do lago
Quando,do barco parado,
O pescador lança as redes.
Seu pensamento está com a mulher amada.
Ele regressa ao lar,
Tal como a andorinha
Leva comida ao seu par.

LI PO

Requiescat


























De meu mar, ofereço-te as ondas
e as praias
que poéticas conchas te trazem
Tais suaves mistérios te concedo,
mais as algas, e as gaivotas
que bicam tecidos de luz na tarde.

Povoados de ti, de mim,
os barcos que chegam e ardem.

Adere-te, pois, ao sal que em mim te chama,
molha teus pés em espuma e encanto,
cobre teu rosto
nas claras águas que o dia me abre.

(Sosseguem, minhas dorsais;
Descanse meu leviatã escuso.)

Fernando Campanella

quinta-feira, 26 de novembro de 2009







 











A vida sem amor é como um oceano vazio sem azul marinho e sem estrela do mar.
Sandro Kretus

sexta-feira, 16 de outubro de 2009


























Mulher- peixe, filha do mar
Pente de ouro , um espelho ,um véu
Amanhecer ou pôr-do-sol ?
Toma meu espelho e meu pente de ouro,
Esconda-os nas profundezas do mar
Cantarei docemente até que você adormeça.

Nana Pereira

quarta-feira, 14 de outubro de 2009




"A felicidade é feita de pequenas pérolas que você cultiva a cada dia, a cada hora."
(Machado de Assis)

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Maravilhosos peixinhos




Ah! Este domingo de sol!
de mar calmo céu anil...
peguei uma vara e um anzol
enchi de água o cantil.

Vou pescar em alto mar
sentir a brisa no rosto,
ver as gaivotas cantar
voltar após o sol posto.

Jogo o anzol com carinho
fisgo o peixe, vem tristeza,
sinto pena do peixinho...
nunca vi tanta beleza.

Jogo o anzol com firmeza
fisgo um peixe multicor,
não posso levar pra mesa
eu sou um mal pescador.

Mandava todos de volta
um mais bonito que o outro,
vi que pra mim só importa
ver todos os peixinhos soltos.

Antonio Hugo

quarta-feira, 7 de outubro de 2009


























O peixinho solitário está cada vez mais exigente... agora quer ser tubarão...

Peixinhos



















Casa com aquário é casa feliz!
Um aquário é bom, dois é melhor, três é muito melhor!
Peixinhos devem ter nomes,
Neruda, Jack, Beethoven, Gioconda,Sidarta,Messalina...
Todos os peixes deveriam ter nomes!
Mesmo que seja preciso colocar crachás !
Qual a graça de um peixinho sem nome?

By Nana Pereira

Um hobbie




















Arturo (óleo sobre tela) Nana Pereira


Sinto-me uma pessoa privilegiada por ter um dos hobbies mais fascinantes e inteligentes do mundo.
No aquarismo você acaba aprendendo um pouco de física, química, biologia, ecologia e também geologia e geografia, e tudo isso com muita simplicidade.
Além disso, peixes são os melhores animais de estimação para quem tem pouco tempo disponível e tem pouco espaço em casa, pois, peixes não fazem xixi no tapete, não soltam pelos, não têm cheiro, não precisam ir ao veterinário periodicamente, não deprimem se você viaja por muito tempo, não roem sofá, chinelos nem derrubam as roupas do varal.
Ter peixes em casa é uma terapia. Ou melhor, ajuda na terapia nossa de cada dia.
Basta parar e observar os movimentos tranqüilos dos peixes para ser preenchida por uma sensação gostosa de tranqüilidade.
Particularmente, adoro os Kinguios. Eles são peixes muito dóceis, vivem muito bem entre eles.
Não concordo com uma antiga crença de que peixe em aquário dá azar, os aquários, com água sempre em movimento e com peixes, estão associados à prosperidade e riqueza.
Gosto de dar nomes aos peixinhos.Se pudesse faria um crachá para cada um, assim ficaria mais fácil identificá-los.
Ah se eu fosse um peixinho e soubesse nadar,
Viveria num aquário, feliz a sonhar.

By Nana Pereira

Mulher revoltada‚ come frito peixinhos de estimação do ex-marido












Após uma discussão com o ex-marido, uma mulher fritou os peixinhos dourados de estimação que o casal havia comprado e estavam na casa do homem, em um subúrbio de Houston, no estado do Texas (EUA), segundo a emissora americana de TV "Fox".
De acordo com o porta-voz da polícia de Pasadena, Vance Mitchell, a ex-mulher pegou os sete peixes dourados que estavam no apartamento do ex-marido e, depois de fritá-los, comeu alguns deles.
Mitchell destacou que a discussão começou sobre algumas joias que o homem tinha dado para a ex-mulher, mas pegou de volta. Ela queria que ele lhe entregasse as joias.
Ao chegar à casa da mulher, os agentes encontraram quatro peixinhos fritos em um prato. A mulher contou que já havia comido os outros três.

Peixinhos





















Lira do amor romântico
Ou a eterna repetição

Atirei um limão n’água
e fiquei vendo na margem.
Os peixinhos responderam:
Quem tem amor tem coragem.

Atirei um limão n’água
e caiu enviesado.
Ouvi um peixe dizer:
Melhor é o beijo roubado.

Atirei um limão n’água,
como faço todo ano.
Senti que os peixes diziam:
Todo amor vive de engano.

Atirei um limão n’água,
como um vidro de perfume.
Em coro os peixes disseram:
Joga fora teu ciúme.

Atirei um limão n’água
mas perdi a direção.
Os peixes, rindo, notaram:
Quanto dói uma paixão!

Atirei um limão n’água,
ele afundou um barquinho.
Não se espantaram os peixes:
faltava-me o teu carinho.

Atirei um limão n’água,
o rio logo amargou.
Os peixinhos repetiram:
É dor de quem muito amou.

Atirei um limão n’água,
o rio ficou vermelho
e cada peixinho viu
meu coração num espelho.

Atirei um limão n’água
mas depois me arrependi.
Cada peixinho assustado
me lembra o que já sofri.

Atirei um limão n’água,
antes não tivesse feito.
Os peixinhos me acusaram
de amar com falta de jeito.

Atirei um limão n’água,
fez-se logo um burburinho.
Nenhum peixe me avisou
da pedra no meu caminho.

Atirei um limão n’água,
de tão baixo ele boiou.
Comenta o peixe mais velho:
Infeliz quem não amou.

Atirei um limão n’água,
antes atirasse a vida.
Iria viver com os peixes
a minh’alma dolorida.

Atirei um limão n’água,
pedindo à água que o arraste.
Até os peixes choraram
porque tu me abandonaste.

Atirei um limão n’água.
Foi tamanho o rebuliço
que os peixinhos protestaram:
Se é amor, deixa disso.

Atirei um limão n’água,
não fez o menor ruído.
Se os peixes nada disseram,
tu me terás esquecido?

Atirei um limão n’água,
caiu certeiro: zás-trás.
Bem me avisou um peixinho:
Fui passado pra trás.

Atirei um limão n’água,
de clara ficou escura.
Até os peixes já sabem:
você não ama: tortura.

Atirei um limão n’água
e caí n’água também,
pois os peixes me avisaram,
que lá estava meu bem.

Atirei um limão n’água,
foi levado na corrente.
Senti que os peixes diziam:
Hás de amar eternamente.


Carlos Drummond de Andrade

Peixinhos, peixinhos!

No mar, tem peixes GRANDES e peixes pequenininhos, pequenininhos, pequenininhos... Tem peixes REDONDOS, e outros que são FINOS e COMPRIDOS, muito COMPRIIIDOS... ou muito curtos. Tem peixes-menina e peixes-menino... Tem brancos, pretos e coloridos!



Tem peixes que adoram um beijinho, e outros que são fãs de um quebra-quebra. Tem aqueles muito elegantes e outros totalmente descabelados...



Cada peixe engraçado que encontramos no mar! Eles são muito diferentes mas, felizes por estarem juntos, fazem a festa no oceano.

Claudia Bielinsky



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A escolinha do mar






















A escola de dona Ostra fica lá no fundo do mar.
Nesta escola, as aulas são muito diferentes.
O Dr. Camarão, por exemplo, dá aulas aos peixinhos menores:
- Um peixe inteligente presta atenção àquilo que come. Não come minhoca com anzol dentro. Nunca!
O peixe elétrico ensina a fazer foguetes:
- Quando nosso foguete ficar pronto, vamos à terra.
Os homens não vão a Lua?
E o maestro Villa-Peixes ensina aos alunos lindas canções:
“Como pode o peixe vivo
Viver fora d’ água fria…”
Os alunos desta escola não são apenas peixes.
Há, por exemplo, Estela, a pequena estrela-do-mar, tão graciosa, que é a primeira aluna da aula de balé.
Há Lulita, a pequena lula, que é a primeira em caligrafia porque já tem, dentro dela, pena e tinta.
E há o siri-patola, que só sabe andar de lado e por isso nunca acompanha a aula de ginástica.
Mas nem todos os alunos são bem-comportados.
Quando o Dr. Camarão se distrai, escrevendo na concha, Peixoto, o peixinho vermelho, solta bolhas tão engraçadas que os outros riem, riem.
O Dr. Camarão se queixa:
- Estes meninos estão ficando muito marotos, fazem estripulias nas minhas barbas!
No fim do ano, Dona Ostra, que é uma professora muito moderna, leva seus alunos para uma excursão pelo fundo do mar.
Naquele ano, os preparativos para a excursão foram animadíssimos.
Vocês sabem, o melhor da festa é esperar por ela.
Um grande ônibus foi contratado para levar os alunos e professores.
Ônibus marítimo, é claro, puxado por cavalos-marinhos.
No dia da partida, todas as mamães foram despedir-se dos filhinhos e todas faziam muitas recomendações:
- Veja lá, hein? Não vá chegar à beira do ar, e cuidado com as gaivotas!
- Meu filho, não chegue perto do peixe-elétrico quando ele estiver ligado. É muito perigoso!
- Adeus, adeus, boa viagem, aproveitem bem!
E eles aproveitaram mesmo.
Que beleza é o fundo do mar!
E como aprenderam!
- Veja, dona Ostra, que peixão tão grande, dando de mamar ao peixinho!
- Aquilo não é peixe, não, é uma baleia. As baleias são de outra família. Aparentadas com o homem. Por isso dão de mamar aos filhotes.
E aprenderam muitas outras coisas.
Viram os peixes-voadores, que davam grandes mergulhos no ar; viram os golfinhos, que são parentes das baleias, inteligentíssimos.
E os tubarões, muito emproados, que andam sempre com seus ajudantes, os peixes-pilotos.
O mais emproados de todos é o Barão Tubarão.
Mora num grande castelo de madrepérola, com seu filho, o Tubaronete.
Naquela noite, acamparam perto do castelo do Barão.
Todos ajudaram a armar o acampamento e, quando tudo ficou pronto, juntaram-se e começaram a cantar;
“Roda, roda, roda,
pé, pé, pé.
Caranguejo só é peixe
Na enchente da maré…”
Ouvindo aquela cantoria, o Tubaronete veio espiar o que havia.
Ele era um peixe muito mal-educado, não ia á escola, nem nada, era um verdadeiro “play-peixe”.
Começou a caçoar de todos, a imitar o jeito de cada um, que é uma coisa muito feia.
Dona Ostra ficou aborrecida.
- Olhe aqui, menino, se você quiser, pode ficar, mas tem que se comportar direitinho, como os outros.
Tubaronete era mesmo muito mal-educado.
Avançou para dona Ostra, vermelhinho de raiva:
- Eu não preciso de vocês, seus peixes de água doce, seus peixes de lata!
E arrancou a pérola de dona Ostra e fugiu, espirrando água para todos os lados.
Dona Ostra se pôs a chorar:
- Ai, minha pérola! Como é que vou passar sem ela? Já estava tão acostumada…
- Ah, dona Ostra, não se aflija, não – disse Peixoto, que, apesar de pequenininho, era muito valente.
- Eu vou já ao castelo buscar a pérola. Se ele não devolver, falo com o pai dele!
Dona Ostra empalideceu:
- Ai, não vai não! Eu tenho tanto medo de tubarão, ainda mais de tubarão barão.
- Eu vou, sim. Se a gente ficar de braços cruzados, sua pérola não volta nunca mais.
Chegando ao palácio do Barão, Peixoto bateu as barbatanas com toda a força:
PLAC, PLAC, PLAC!
Veio atender ao portão uma senhora enguia, de uniforme preto e touquinha branca na cabeça.
- Boa noite, dona Cobra, diga ao Tubaronete que aqui está o Peixoto, que quer falar com ele sem demora – disse o peixinho.
- Cobra, não! Dobre a língua, ouviu? Meus patrões não têm tempo a perder com senhores Peixotos…
E foi entrando, sem querer escutar o que Peixoto estava dizendo.
Mas Peixoto não desanimou.
Rodeou a casa até que encontrou uma janela meio aberta e foi entrando, mesmo sem convite.
Lá estavam o Barão e o Tubaronete jantando.
Peixoto, com o coração batendo muito, adiantou-se:
- Desculpe, seu Barão, eu ir entrando assim, mas tenho umas contas a ajustar aqui com o seu filho. Cadê a pérola de dona Ostra? Devolva já, já!
Tubaronete até engasgou de susto:
- Eu ia devolver, eu ia, sim! Tome a pérola, eu estava brincando…
O Barão Tubarão levantou-se, furioso:
- De que é que vocês estão falando? Pelo que vejo, o senhor meu filho já aprontou mais uma das suas! É a vergonha da família Tubarão!
Vou-lhe aplicar um castigo tremendo!
Peixoto ficou com pena de Tubaronete:
- Olhe, seu Barão, eu acho que o Tubaronete é assim, por que ele não sabe nada. Por que é que ele não vai á escola como os outros peixes?
O Barão não disse nada, mas, no ano seguinte, Tubaronete foi o primeiro aluno que se matriculou na escola de dona Ostra.
Faz muito tempo que essa história se passou.
Tubaronete já não é mais aquele peixe sem educação que era naquele tempo.
Ele, agora, é aluno de dona Ostra, dos mais aplicados.
É ele quem apaga a concha para os professores, e é agora o melhor amigo do Peixoto.
Os dois combinaram que, quando se formarem, vão ser sócios.
Vão fundar uma grande agência de turismo, para fazerem sempre outras viagens pelo fundo do mar.


Ruth Rocha



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Velha história


























Era uma vez um homem que estava pescando. Até que apanhou um peixinho! Mas o peixinho era tão pequenino e inocente, e tinha um azulado tão indescritível nas escamas, que o homem ficou com pena. E retirou cuidadosamente o anzol e pincelou com iodo a garganta do coitado. Depois guardou-o no bolso traseiro das calças, para que o animalzinho sarasse no quente. E desde então ficaram inseparáveis. Aonde o homem ia, o peixinho o acompanhava, a trote, que nem um cachorrinho. Pelas calçadas. Pelos elevadores. Pelos cafés. Como era tocante vê-los no “171” – o homem, grave, de preto, com uma das mãos segurando a xícara de fumegante moca, com a outra lendo o jornal, com a outra fumando, com a outra cuidando do peixinho, enquanto este, silencioso e levemente melancólico, tomava laranjada por um canudinho especial.

Ora, um dia o homem e o peixinho passeavam à margem do rio onde o segundo dos dois fora pescado. E eis que os olhos do primeiro se encheram de lágrimas. E disse o home ao peixinho:

 “Não, não me assiste o direito de te guardar comigo. Por que roubar-te por mais tempo ao carinho do teu pai, da tua mãe, dos teus irmãozinhos, da tua tia solteira? Não, não e não! Volta para o seio da tua família. E viva eu cá na terra sempre triste!...”

Dito isto, verteu copioso pranto e, desviando o rosto, atirou o peixinho na água. E a água fez um redemoinho, que foi depois serenando, serenando... até que o peixinho morreu afogado.

Mario Quintana

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Comida de sereia



















O que será que a sereia come
em seu castelo de areia?
Enquanto penteia os cabelos
a panela esquenta na cozinha:
será que a sereia come anêmonas,
ostras, cavalos-marinhos?
Ou delicados peixinhos de olhos
dourados?
Algas marinhas, lulas, sardinhas?
Polvos, mariscos, enguias,
ou será que a sereia come poesia?

Roseana Murray

sábado, 3 de outubro de 2009

História de amor






















Um dia, um grão de areia encontrou-se com uma estrela do mar.
Olharam-se e apaixonaram-se irremediavelmente.
E viveram felizes para sempre.
Nana Pereira

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Pérolas









 









Poemas épicos indianos como o Ramayana e Mahabarata contém interessantes lendas sobre pérolas: "Após a criação do mundo os quatro elementos honraram o Criador, cada um com um presente. O Ar ofereceu-lhe um arco-iris; o Fogo uma estrela cadente; a Terra um precioso rubi e a Água uma pérola". Na Índia acreditava-se que as pérolas nasciam na testa, cérebro e estômago dos elefantes (animais sagrados), também nas nuvens, conchas, peixes, serpentes, bambus e ostras. Sendo propriedade exclusiva dos deuses, as pérolas das nuvens irradiavam boa sorte. As pérolas das serpentes possuíam um halo azul e descendiam de Va’Suki, soberano das serpentes. Os mortais muito raramente viam essas pérolas: somente os de grande mérito gozavam de tal privilégio.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Mar de Setembro






Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
fremente de espumas.
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves - só
alma e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio.
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto
puríssimo, doirado.

Eugénio de Andrade

terça-feira, 15 de setembro de 2009
















Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes!
E eu acreditava.
Acreditava porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis.
Mas isso era no tempo dos segredos.
Era no tempo em que o teu corpo era um aquário.
Era no tempo em que os meus olhos eram dois peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.

Eugénio de Andrade

O reino de Netuno



























Mar azul, imensidão
morada de deusas e deuses,
sereias e tritões, ondinas e serpentes ,
monstros horrendos e encantadoras sereias,
Vejo as marés em movimento, a profundeza das águas
As conchas na areia, dádivas do mar,
Uma concha purpúrea, abre sua boca e bebe o orvalho do céu ,
o raio do sol, da lua e das estrelas
Vejo o mar derramar-se de amores pela areia
Sinto o sopro de um beijo teu em meus cabelos
Abraça-me, como o mar que abraça a areia molhada
Olha dentro da minha alma.........
tu és a concha , eu sou a pérola que proteges.
Ouço o barulho das ondas e espero o meu amado chegar
Morada de Netuno, Nereidas,Ninfas, Náiades,Nana, Nádia...........

Nana Pereira

Ulisses e as sereias






















Quando a divina Circe aconselhou Uisses a evitar as Sereias, de voz maviosa e enfeitiçada, recomendou lhe que tapasse com cera os ouvidos de seus marinheiros para que eles não lhes ouvissem o canto. "Mas, se tu mesmo quiseres ouvi-las, é preciso que eles te amarrem em torno do mastro da ligeira nave, de pé, com possantes cordas, para que possas ouvir com prazer as duas Sereias. Se, porém, lhes pedires ou ordenares que te soltem as cordas, mais fortemente eles te devem amarrar o corpo" (Odisséia, Canto XII).

Os lamentos



















São as sedutoras vozes da noite: também assim cantavam as Sereias... Não fora de justiça, para com elas, atribuir-lhes o deliberado propósito de seduzir: elas bem sabiam que possuíam garras e nenhum seio fértil, e disso lamentavam-se em altas vozes - mas não tinham culpa de soarem tão belos os lamentos.

(Franz kafka)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Colar de pérolas




















Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
As pérolas são os meus beijos,
O fio é o meu pesar.

Fernando Pessoa

Simbologia e Curiosidades das pérolas














Refinamento, elegância, romantismo, riqueza e poder são idéias ligadas às pérolas ao longo dos séculos e nas mais diferentes civilizações.

Muitos registros escritos descrevem o apreço da humanidade pelas pérolas desde a antiguidade. Um dos mais famosos é o célebre banquete dado por Cleópatra a Marco Antônio, para convencer Roma de que o Egito tinha tradição e riqueza imbatível pela simples conquista militar. Durante o jantar que foi considerado o mais caro da história, Cleópatra esmagou duas grandes pérolas que usava como brinco, dissolveu-as numa taça de vinagre e as bebeu diante do impressionado general. O historiador e escritor romano Plínio estimou as pérolas em 60 milhões de sestércios (cerca de 9 milhões e 375 mil dólares atuais).

Tipos de Pérolas mais Comuns


Pérola Akoya - Akoya é a clássica pérola japonesa cultivada, que recebe o nome da ostra que a produz ( Akoya gai ). São propriamente estas as conchas usadas para os primeiros experimentos de cultivo de pérolas mais brilhantes e mais belas do mundo. Pérolas similares, mas não do mesmo nível de qualidade, são produzidas hoje também na China e Coréia.


Pérola South Seas - A pérola South Seas é um dos tipos mais cobiçados pelas mulheres, pois são maiores e mais valiosas que as demais. Cultivadas na Austrália, Indonésia e Filipinas, geralmente elas têm acima de 8mm.


Pérola Barroca - São chamadas Pérolas Barrocas todas aquelas de formato irregular. Essa forma diferenciada é fruto do mecanismo de defesa da pérola, que expele vários gases que decompõem o seu núcleo, deixando-o oco e irregular. Para que a pérola barroca possa ser transformada em jóia, suas cavidades são preenchidas com um cemento especial, capaz de garantir uma maior resistência da gema.


Pérola Blister - Durante o processo de formação da pérola, eventualmente certos movimentos podem expelir a gema depois que ela já está praticamente formada. Algumas podem cair fora da concha e se perderem para sempre, já outras, até mesmo pelo peso, acabam deslizando para baixo do manto. Quando isso acontece, e a gema é gradualmente recoberta por camadas de madrepérola, forma-se a pérola blister.


Mabes ou pérolas cultivadas compostas - A produção de mabe, terminologia japonesa, é baseada no princípio de formação da blister. Mabe é uma pérola blister cultivada sólida. A primeira operação consiste da separação do manto da ostra, para depois fixar um núcleo com formato especial (semi-esférico, coração, gota, oval e outros) na concha. Este tipo de operação termina em poucos minutos, durante o qual cada ostra pode receber até seis núcleos, três em cada valva. Depois a ostra é recolocada nos cestos e novamente imersa no mar, onde o manto, gradualmente, recupera sua posição para secretar material perlífero nestes corpos estranhos. Após um ano, quando a principal colheita termina, a segunda parte do processo de composição da mabe inicia-se de novo.


Pérolas de Água Doce - As melhores pérolas de água doce são cultivadas no Japão, no Lago de Biwa, e em grande escala na China. Apenas uma ostra pode receber até 10 núcleos de uma só vez, porém o núcleo neste caso é um fragmento do tecido epitelial de uma ostra sadia.

domingo, 13 de setembro de 2009















É ao Pôr-do-sol
O mar chão e belas areias
Segredam Sereias
Zé Ernesto Gaia





















As sereias entretanto têm uma arma ainda
mais terrível que o canto: o seu silêncio.
Apesar de não ter acontecido isso, é imaginável
que alguém tenha escapado ao seu canto; mas
do silêncio certamente não.

Que no silêncio da noite, o Canto seja o teu!

( Desconheço o autor)

Os Quatro Elementos



























Vindas das águas liláses
Ondinas sereiam à luz da Lua
Do fogo azul de chamas violetas
Pulam salamandras que agradecem as reverências
Ventos das Quatro Torres rodopiam folhas verdosas
Que das árvores frondosas fazem da Mãe Terra
o seu assento
Danço ao som de tambores e trovões
Esperando o Rei nascer no horizonte.

(Desconheço o autor)

Mulher de Peixe













Mulher de Peixe... peixe é
Em águas paradas não dá pé
Porque desliza como a enguia
Sempre que entra numa fria.
Na superfície é sinhazinha
E festiva como a sardinha
Mas quando fisga um namorado
Ele está frito, escabechado.
É uma mulher tão envolvente
Que na questão do Paraíso
Há quem suspeite seriamente
Que ela era a mulher e a serpente.
Seu Id: aparentar juízo
Seu Ego: a omissão, o orgulho
Sua pedra astral: a ametista
Seu bem: nunca ser bagulho
Sua cor: o amarelo brilhante
Seu fim: dar sempre na vista.

(Vinícius de Moraes)

Peixe

















O peixinho prateado
no aquário sempre vejo!
Bem me fita, o assanhado,
só querendo me dar beijos.

Sua boca um “oi” miúdo
vai dizendo e isso é bom,
só o peixe, neste mundo,
fala “oi”, sem soltar som.

Maria da Graça Almeida