Mar de tantos segredos Gera encantos e medos Sopra magia na alma do pescador Que vive nas ondas do mar Que vive dos peixes do mar.
Oceano infinito Contorna povos une países Mapeando o mundo, dominando a terra. Entrelaça a vida dos homens da terra e do mar Que respeitam e admiram Yemanjá.
No canto das sereias Nas noites de lua cheia A maresia que envolve a alma Dos homens que vivem nas ondas do mar Dos seres que vivem no fundo do mar.
Salgadas águas de paixão eterna Encontram ilhas distantes Desenham nas águas, Caminhos a luz do luar Na rede prendem o coração dos homens do mar.
Denise Portes
domingo, 17 de outubro de 2010
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos. Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca saída de teu sono me deu o sabor da terra, de água-marinha, de algas, de tua íntima vida, e recebi teu beijo molhado pela aurora como se me chegasse do mar que nos rodeia.
Amaram o amor urgente As bocas salgadas pela maresia As costas lanhadas pela tempestade Naquela cidade Distante do mar Amaram o amor serenado Das noturnas praias Levantavam as saias E se enluaravam de felicidade Naquela cidade Que não tem luar Amavam o amor proibido Pois hoje é sabido Todo mundo conta Que uma andava tonta Grávida de lua E outra andava nua Ávida de mar
E foram ficando marcadas Ouvindo risadas, sentindo arrepios Olhando pro rio tão cheio de lua E que continua Correndo pro mar E foram correnteza abaixo Rolando no leito Engolindo água Boiando com as algas Arrastando folhas Carregando flores E a se desmanchar E foram virando peixes Virando conchas Virando seixos Virando areia Prateada areia Com lua cheia e à beira-mar
A noite vem de Bornéu Clotilde se enrola no astracã A tempestade lava os ombros da pedra O grande navio ancora nos peixes dourados Um menino serve-se da história de Robinson Alguém grita Pedindo uma outra vida um outro sonho Um outro crime Entre o amor e o álcool Entre o amor e o mar. Ouve-se distintamente O respirar das hélices O céu inventou o vento A sereia enrola o mar com o rabo.
O gesto de partir nada tem de mágico. Os mares que percorro são profundos e as noites que miro são escuras. O barco que me leva, busca um porto onde eu possa germinar silenciosa. Os faróis mal iluminam os recifes e vez por outra um tranco me sacode. As garrafas de gim estão vazias e a lucidez me espreita nas balsas que procuram náufragos e bêbados. A manhã vem rompendo macia na boca e nos beijos de uma muIher saindo das conchas dos sonhos. O gesto de partir nada tem de mágico. E ancorado nuns braços em meio a tormenta, fico. O gesto de ficar é mais fascínio. Ah! Quanta ventura em jogar a âncora e ir ficando, no teu corpo, ir ficando…
Jurema Barreto de Souza
A água turva não mostra os peixes ou conchas em baixo; o mesmo faz a mente nublada. Textos Budistas
Para os peixinhos do aquário, quem troca a água é Deus.