domingo, 17 de outubro de 2010

Cais







 












O gesto de partir nada tem de mágico.
Os mares que percorro são profundos
e as noites que miro são escuras.
O barco que me leva, busca um porto
onde eu possa germinar silenciosa.
Os faróis mal iluminam os recifes
e vez por outra um tranco me sacode.
As garrafas de gim estão vazias
e a lucidez me espreita nas balsas
que procuram náufragos e bêbados.
A manhã vem rompendo macia
na boca e nos beijos de uma muIher
saindo das conchas dos sonhos.
O gesto de partir nada tem de mágico.
E ancorado nuns braços
em meio a tormenta, fico.
O gesto de ficar é mais fascínio.
Ah! Quanta ventura em jogar a âncora
e ir ficando, no teu corpo, ir ficando…

Jurema Barreto de Souza

Nenhum comentário:

Postar um comentário