quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
O pescador
O sol, o sal e o mar.
A praia de areias douradas
O peixe na mesa
O pão de cada dia
A lua cheia
A imensidão azul
As estrelas
O ciclo das marés
A ilha distante
O vento forte
A canoa quebrada
Os riscos
A sensação do prazer
O homem nas mãos de Deus
O pescador
Gleidson Melo
Bom Tempo
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
O pescador me confirmou
Que o passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Do duro toda semana
Senão pergunte à Joana
Que não me deixa mentir
Mas, finalmente é domingo
Naturalmente, me vingo
Eu vou me espalhar por aí
No compasso do samba
Eu disfarço o cansaço
Joana debaixo do braço
Carregadinha de amor
Vou que vou
Pela estrada que dá numa praia dourada
Que dá num tal de fazer nada
Como a natureza mandou
Vou
Satisfeito, a alegria batendo no peito
O radinho contando direito
A vitória do meu tricolor
Vou que vou
Lá no alto
O sol quente me leva num salto
Pro lado contrário do asfalto
Pro lado contrário da dor
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
Um pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Ando cansado da lida
Preocupada, corrida, surrada, batida
Dos dias meus
Mas uma vez na vida
Eu vou viver a vida
Que eu pedi a Deus
Chico Buarque
domingo, 23 de dezembro de 2012
Feliz Natal!!!!
Que esse Natal não seja feito apenas de cores e comidas, luzes, prazeres e bebidas. Que haja partilha e esperança.
Que em nenhuma mesa falte pão, e em todos corações reine o amor.
domingo, 18 de novembro de 2012
segunda-feira, 5 de novembro de 2012
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Em uma Tarde de Outono
Outono. Em frente ao mar. Escancaro as janelas
Sobre o jardim calado, e as águas miro, absorto.
Outono... Rodopiando, as folhas amarelas
Rolam, caem. Viuvez, velhice, desconforto...
Por que, belo navio, ao clarão das estrelas,
Visitaste este mar inabitado e morto,
Se logo, ao vir do vento, abriste ao vento as velas,
Se logo, ao vir da luz, abandonaste o porto?
A água cantou. Rodeava, aos beijos, os teus flancos
A espuma, desmanchada em riso e flocos brancos...
Mas chegaste com a noite, e fugiste com o sol!
E eu olho o céu deserto, e vejo o oceano triste,
E contemplo o lugar por onde te sumiste,
Banhado no clarão nascente do arrebol...
Olavo Bilac
sábado, 6 de outubro de 2012
O Homem e o Mar
Homem livre, o oceano é um espelho fulgente
Que tu sempre hás-de amar. No seu dorso agitado,
Como em puro cristal, contemplas, retratado,
Teu íntimo sentir, teu coração ardente.
Gostas de te banhar na tua própria imagem.
Dás-lhe beijo até, e, às vezes, teus gemidos
Nem sentes, ao escutar os gritos doloridos,
As queixas que ele diz em mística linguagem.
Vós sois, ambos os dois, discretos tenebrosos;
Homem, ninguém sondou teus negros paroxismos,
Ó mar, ninguém conhece os teus fundos abismos;
Os segredos guardais, avaros, receosos!
E há séculos mil, séc'ulos inumeráveis,
Que os dois vos combateis n'uma luta selvagem,
De tal modo gostais n'uma luta selvagem,
Eternos lutador's ó irmãos implacáveis!
Charles Baudelaire, in "As Flores do Mal"
Tradução de Delfim Guimarães
sábado, 29 de setembro de 2012
Não sei o que possa parecer aos olhos do mundo, mas aos meus pareço apenas ter sido como um menino brincando à beira-mar, divertindo-me com o fato de encontrar de vez em quando um seixo mais liso ou uma concha mais bonita que o normal, enquanto o grande oceano da verdade permanece completamente por descobrir à minha frente.
Isaac Newton
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
quarta-feira, 19 de setembro de 2012
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Se for possível, manda-me dizer:
- É lua cheia. A casa está vazia -
Manda-me dizer, e o paraíso
Hás de ficar mais perto, e mais recente
Me há de parecer teu rosto incerto.
Manda-me buscar se tens o dia
Tão longo como a noite. Se é verdade
Que sem mim só vês monotonia.
E se te lembras do brilho das marés
De alguns peixes rosados
Numas águas
E do meus pés molhados, manda-me dizer:
- lua nova -
E revestida de luz te volto a ver.
Hilda Hilst
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Eu me lembro! eu me lembro! - Era pequeno
E brincava na praia; o mar bramia
E erguendo o dorso altivo, sacudia
A branca escuma para o céu sereno
E eu disse a minha mãe nesse momento:
"Que dura orquestra! Que furor insano!
"Que pode haver maior que o oceano,
"Ou que seja mais forte do que o vento?!"
Minha mãe a sorrir olhou pros céus
E respondeu: - Um Ser que nós não vemos
"É maior do que o mar que nós tememos,
"Mais forte que o tufão! Meu filho, é - Deus!"
Casimiro de Abreu
domingo, 16 de setembro de 2012
Desde que te conheci
dei para sonhar
com ilhas desertas e
estradas que sigam
o esplendor do sol.
Quero proteger este
amor com o silêncio
da lua e das estrelas,
adormecer seu perfume
no aroma das flores e
ouvir sua voz murmurar
cantigas de passarinhos.
Nosso amor vai durar
enquanto houver versos
e o mar chegar à praia
em sorrisos de espuma.
Alvaro Bastos
quarta-feira, 12 de setembro de 2012
Ilusão
Sobre o mar de safira o céu de opala.
Uma vela perdida no horizonte
E o azul que foge cada vez mais longe ...
Ilusão de min’alma!
Da Costa e Silva
domingo, 12 de agosto de 2012
A maravilhosa arte de perdoar os peixes
Eu sei pouco sobre o perdão e sobre os peixes
Mas sobre a arte de perdoar os peixes
Eu sei tudo.
Eu sei pouco sobre a beleza e sobre as árvores
Mas sobre a beleza das raízes das árvores
Eu sei tudo.
E sei também que os peixes, as árvores e as flores
realizam maravilhosos saraus.
Adeilton Oliveira de Queiroz
Bastava-nos Amar
Bastava-nos amar. E não bastava
o mar. E o corpo? O corpo que se enleia?
O vento como um barco: a navegar.
Pelo mar. Por um rio ou uma veia.
Bastava-nos ficar. E não bastava
o mar a querer doer em cada ideia.
Já não bastava olhar. Urgente: amar.
E ficar. E fazermos uma teia.
Respirar. Respirar. Até que o mar
pudesse ser amor em maré cheia.
E bastava. Bastava respirar
a tua pele molhada de sereia.
Bastava, sim, encher o peito de ar.
Fazer amor contigo sobre a areia.
Joaquim Pessoa, in 'Português Suave'
Trocadas pelas sereias
Douradas searas cor de areias
P´ra onde foi fugir o vosso mar?
Trocou-vos ele por belas sereias
Por seus cantos e versos d´encantar?
Ficaram vocês sós a suspirar?
Suaves brisas que vos torturam
Lamentos mudos se ouvem no ar
Levando longe o que murmuram.
Será que as escuta, esse mar?
Se são saudades o seu marulhar
Podia ele a terra galgar
Num gesto d´amor as ir visitar.
Quem ama tudo faz p´ra alcançar
O sonho impossível realizar.
Maria Sousa
Sereia
Naufragam todos os barcos
Que passam ao largo de ti,
Encantas-lhes os marinheiros,
Ficam sem saber de si.
És sereia enganadora,
Com teus cantos de encantar,
Coitado de quem se afoita,
Nas águas frias do mar,
Onde ficas noite e dia,
Lançando os teus feitiços,
Cantando sem alegria,
Para os corações mortiços.
Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
Os que pensam estar na rota,
Mais segura deste mundo,
Ao passarem na tua ilhota,
O seu barco vai ao fundo.
Coitados dos navegantes,
Não sabem como escapar,
É poderosa a magia,
Que os leva a naufragar;
Mesmo que avisados,
Por outros que lá passaram,
Querem tentar ser primeiros,
Daqueles que te enganaram.
Mais segura deste mundo,
Ao passarem na tua ilhota,
O seu barco vai ao fundo.
Coitados dos navegantes,
Não sabem como escapar,
É poderosa a magia,
Que os leva a naufragar;
Mesmo que avisados,
Por outros que lá passaram,
Querem tentar ser primeiros,
Daqueles que te enganaram.
Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
Só um deles foi Ulisses,Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
Mas guarda-lo bem, não o mostras,
Encantou-te o coração
Desfazes os dos outros e gostas.
Só um deles foi capaz
Em noite de distracção,
Ir montado no seu barco
E roubar-te o coração.
Só há um afortunado,
Quem dera que fosse eu,
Fiquei por ti encantado
Mas o teu amor venceu.
Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
sábado, 11 de agosto de 2012
Sereia e os cisnes
Olhar para a vastidão
Quando tão perto se tem uma sereia
A dançar uma linda canção
Que tocada pelos cisnes é perfeita
..
O pôr do sol cria ilusões
E uma floresta se consegue vislumbrar
Naquele horizonte de emoções
Que se sente a cada olhar
..
As montanhas são o público
O oceano a orquestra
O cenário é ideal
Para o concerto que desperta
..
Ouvem-se violinos a tocar
E a dança não podia ser mais perfeita
Até uma borboleta a voar
Pára para tão maravilhosa descoberta
..
E o sol vai caindo
E a sereia começa a mergulhar
Foi assim o pequeno concerto
Que fez a mais bela sereia dançar
Blue Heaven
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
Canção do Amor-Perfeito
Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.
Eu vi bandeiras abertas
sobre o mar largo
e ouvi cantar as sereias.
Longe, num barco,
deixei meus olhos alegres,
trouxe meu sorriso amargo.
Bem no regaço da lua,
já não padeço.
Ai, seja como quiseres,
Amor-Perfeito,
gostaria que ficasses,
mas, se fores, não te esqueço.
Cecília Meireles, in 'Retrato Natural'
As sereias
Sereias dos mares perdidos
Surgem no intimo dos navegantes
Queimando o resto da razão.
Tocam esses violinos hipnotizantes
Enquanto choram falsamente.
Corroem as mentes sãs
Afundam os navios viajantes
Os homens dominam com sua voz.
Mergulhem na eternidade de ser Mulher
Apoderando-se dos mares
Flutuem lentamente e façam morrer
Aqueles que vos quiseram fazer desaparecer.
Lunar
Uma sereia procura o seu mar
uma sereia procura o seu mar
e o encontra no paraíso
estava lindo e a cantar
num belo som tranquilo
a sereia se delicia com a musica
e no seu som tranquilo começa a entrar
vai mergulhando no oceano
que sempre a vai com delicadeza banhar
a sereia vem ao de cima
e para todos os lados começa a olhar
encontra ao longe um barquinho
e um marinheiro por quem se vai apaixonar
ela nada rumo ao barco
o marinheiro fica a ver
uma sereia tão encantadora
que nem a sua beleza consegue descrever
olham-se nos olhos
trocam um beijar
e dizem um ao outro
para sempre te vou amar
Blue Heaven
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Ainda as pérolas...
Há pérolas caídas pelo chão,
Colar arrebentado.
Sentimento novo, despertado...
Pérolas, antes de magia
Pequenas, belas, reluzentes...
Reverte agora, em agonia.
Transformaram-se em sopro:
Um vento de discórdia.
Pérolas jogadas fora...
Que engano, essas pérolas!
Alegrias vividas,
Mas, dores também sentidas...
Brilham, ofuscam a quem vê...
Entretanto, decepcionam
Como qualquer ser!
Ah, pérolas! Ah, vento!
Não são mais as mesmas:
Divergências de pensamentos...
Fátima Abreu
Pérolas
A pérola sempre foi muito apreciada ao longo da história da humanidade, um exemplo disso é que no apogeu do Império Romano, quando a febre das pérolas estava no auge, Júlio César, conhecido pelas suas conquistas amorosas, ofereceu a Servília, uma pérola no valor de seis milhões de sestércios. Também o general romano Vitélio, estando cheio de dividas, roubou um brinco de pérola à sua mãe, para poder financiar o seu regresso ao exército.
Ninguém sabe quem iniciou a coleta e uso das pérolas. Acredita-se que tribos antigas, que viviam da pesca, provavelmente no sul da Índia, já utilizavam as pérolas descobertas quando as ostras eram abertas para a alimentação. De qualquer forma, a reverência pelas pérolas aumentou através do mundo. O livro sagrado da India, cheio de épicos, faz muitas referências às pérolas. Uma das lendas é de que o deus Hindu Krishna descobriu as pérolas quando ele arrancou a primeira do oceano e presenteou sua filha Pandaia no dia de seu casamento.
Os romanos e os egípcios valorizavam as pérolas mais do que qualquer outra gema. Para convencer Roma que o Egito possuía uma herança e prosperidade acima de qualquer conquista, Cleopatra apostou com Marco Antônio que ela poderia dar o jantar mais caro da história. Assim, Cleopatra apareceu com um prato vazio e um jarro de vinho ou vinagre. Ela esmagou uma grande pérola de um par de brincos, dissolveu no líquido e tomou. Atônito, Marco Antônio admitiu que ela havia ganhado.
Os Árabes têm demonstrado enorme fascínio pelas pérolas. A origem de sua afeição por pérolas está no Koran, especialmente com a descrição do Paraíso, que diz: “As pedras são pérolas e jacintos; as frutas das árvores são pérolas e esmeraldas e cada pessoa admitida nas maravilhas do reino dos céus é provido com uma tenda de pérolas, jacintos e esmeraldas, coroado com pérolas de incomparável lustro e é atendido por lindas jovens como pérolas escondidas”.
Brinco de pérolas
Suave semblante, áurea adolescência...
Encerra o encanto da juventude;
Olhos verdes lampejam de virtude,
Florescem, cristalinos na sua essência.
Lábios que esboçam desejo e ardência,
Ou talvez surpresa, ou lassitude!
Lábios densos, sedentos; plenitude
De frescura, volúpia e inocência.
Ornada com toucado de cetim
Ouro e azul, contrasta com o marfim
Da sua tez macia, qual coroa sumptuosa.
Moça com brinco de pérola! Tela
Sublime retrata uma jovem bela...
Do olhar de Vermeer eclodiu uma rosa!
Luís R Santos
Assinar:
Postagens (Atom)