domingo, 12 de agosto de 2012

Sereia




Naufragam todos os barcos
Que passam ao largo de ti,
Encantas-lhes os marinheiros,
Ficam sem saber de si.
És sereia enganadora,
Com teus cantos de encantar,
Coitado de quem se afoita,
Nas águas frias do mar,
Onde ficas noite e dia,
Lançando os teus feitiços,
Cantando sem alegria,
Para os corações mortiços.

Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
Os que pensam estar na rota,
Mais segura deste mundo,
Ao passarem na tua ilhota,
O seu barco vai ao fundo.
Coitados dos navegantes,
Não sabem como escapar,
É poderosa a magia,
Que os leva a naufragar;
Mesmo que avisados,
Por outros que lá passaram,
Querem tentar ser primeiros,
Daqueles que te enganaram.
Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.
Só um deles foi Ulisses,
Mas guarda-lo bem, não o mostras,
Encantou-te o coração
Desfazes os dos outros e gostas.
Só um deles foi capaz
Em noite de distracção,
Ir montado no seu barco
E roubar-te o coração.
Só há um afortunado,
Quem dera que fosse eu,
Fiquei por ti encantado
Mas o teu amor venceu.

Já nasceste assim sereia,
Nas dunas à beira-mar,
Nasceste em berço de areia
Com Neptuno a embalar.

Christian de La Salette

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