sábado, 28 de julho de 2012



Quero ser feliz nas ondas do mar. Quero esquecer tudo, quero descansar.

Manuel Bandeira


quinta-feira, 26 de julho de 2012



Dormiram de conchinha... Acordaram com uma pérola entre o abraço.
M. M. Soriano


Uma palavra escrita é semelhante a uma pérola.
Johann Goethe

Ainda as pérolas...




Há pérolas caídas pelo chão,
Colar arrebentado.
Sentimento novo, despertado...

Pérolas, antes de magia
Pequenas, belas, reluzentes...
Reverte agora, em agonia.
Transformaram-se em sopro:
Um vento de discórdia.
Pérolas jogadas fora...

Que engano, essas pérolas!
Alegrias vividas,
Mas, dores também sentidas...

Brilham, ofuscam a quem vê...
Entretanto, decepcionam
Como qualquer ser!

Ah, pérolas! Ah, vento!
Não são mais as mesmas:
Divergências de pensamentos...

Fátima Abreu

Pérolas




A pérola sempre foi muito apreciada ao longo da história da humanidade, um exemplo disso é que no apogeu do Império Romano, quando a febre das pérolas estava no auge, Júlio César, conhecido pelas suas conquistas amorosas, ofereceu a Servília, uma pérola no valor de seis milhões de sestércios. Também o general romano Vitélio, estando cheio de dividas, roubou um brinco de pérola à sua mãe, para poder financiar o seu regresso ao exército.

Ninguém sabe quem iniciou a coleta e uso das pérolas. Acredita-se que tribos antigas, que viviam da pesca, provavelmente no sul da Índia, já utilizavam as pérolas descobertas quando as ostras eram abertas para a alimentação. De qualquer forma, a reverência pelas pérolas aumentou através do mundo. O livro sagrado da India, cheio de épicos, faz muitas referências às pérolas. Uma das lendas é de que o deus Hindu Krishna descobriu as pérolas quando ele arrancou a primeira do oceano e presenteou sua filha Pandaia no dia de seu casamento.

Os romanos e os egípcios valorizavam as pérolas mais do que qualquer outra gema. Para convencer Roma que o Egito possuía uma herança e prosperidade acima de qualquer conquista, Cleopatra apostou com Marco Antônio que ela poderia dar o jantar mais caro da história. Assim, Cleopatra apareceu com um prato vazio e um jarro de vinho ou vinagre. Ela esmagou uma grande pérola de um par de brincos, dissolveu no líquido e tomou. Atônito, Marco Antônio admitiu que ela havia ganhado.



Os Árabes têm demonstrado enorme fascínio pelas pérolas. A origem de sua afeição por pérolas está no Koran, especialmente com a descrição do Paraíso, que diz: “As pedras são pérolas e jacintos; as frutas das árvores são pérolas e esmeraldas e cada pessoa admitida nas maravilhas do reino dos céus é provido com uma tenda de pérolas, jacintos e esmeraldas, coroado com pérolas de incomparável lustro e é atendido por lindas jovens como pérolas escondidas”.

Brinco de pérolas




Suave semblante, áurea adolescência...
Encerra o encanto da juventude;
Olhos verdes lampejam de virtude,
Florescem, cristalinos na sua essência.

Lábios que esboçam desejo e ardência,
Ou talvez surpresa, ou lassitude!
Lábios densos, sedentos; plenitude
De frescura, volúpia e inocência.

Ornada com toucado de cetim
Ouro e azul, contrasta com o marfim
Da sua tez macia, qual coroa sumptuosa.

Moça com brinco de pérola! Tela
Sublime retrata uma jovem bela...
Do olhar de Vermeer eclodiu uma rosa!

Luís R Santos





Sem amor, Nem uma gota sequer se transformaria em pérola.
Rumi


Enclausuro-me,
Como se fosse uma pérola em transformação,
À espera...
Myrian Benatti

A ostra e a pérola



Ingrata é a pérola,

abandonando a ostra

que a abrigou,

 a fez crescer preciosa.

E  a pérola indiferente,

no colar da madame, cintilante,

vê a ostra ser devorada

em fino restaurante.



Sérgio Morenno

Colar de pérolas




procuro lágrimas a oriente.
em campos turquesas!

e envio-tas nas correntes dos mares do universo azul.

ser-te-ão colocadas,
como um sussurro de estrelas ténues,
pelas águas suspensas nos céus da saudade.



Vicente Ferreira da Silva

O pescador de pérolas




    Esta tarde e parte da noite
    voltei para mergulhar-me no espesso mar
    onde flutuamos os seres  e as coisas.
    Desci por pérolas que mostrar aos homens
    que temem sequer o risco da beira-mar.
    Esta tarde e parte da noite
    estive nesse silêncio, nessas profundezas
    onde o mais infinito prazer seria dissolver-se
    e soube que em todos os caminhos
    há monstros para quem os teme.
    Cheguei nadando aonde não se ama nem se odeia,
    simplesmente se flutua sobre um eterno presente
    e tudo o que olhas é teu contemporâneo:
    nada mais trazem as ondas do atrás e o adiante.
    Tomei ali esta pérola e agora te ofereço .
    Mas quando quis voltar,
    não vi nenhum homem na beira-mar.
    Não vi a beira-mar. Tudo é o mar.
    Esses que temem a beira-mar
    não sabem que caminham no mar.

 Luis Benítez

Colar de pérolas



Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
As pérolas são os meus beijos,
O fio é o meu pesar.



Fernando Pessoa

domingo, 15 de julho de 2012



Dentro dele canta um mar de mapa. Meu coração se enche de água com peixinhos de sombra e prata .

Federico García Lorca

quarta-feira, 11 de julho de 2012





Você não pode mudar o vento, mas pode ajustar as velas do barco para chegar onde quer.
Confúcio

Sobre conchas do mar



Todos os dias, sob os varais, ela estendia notas musicais, até que acordaram mar, abraçadas pelo vento,no dia 11 de março.

Juliana

sábado, 7 de julho de 2012

Mar



De todos os cantos do mundo
Amo com um amor mais forte e mais profundo
Aquela praia extasiada e nua
Onde me uni ao mar, ao vento e à lua.



Sophia de Mello Breyner Andresen


Mar!

Tinhas um nome que ninguém temia:
Era um campo macio de lavrar 
Ou qualquer sugestão que apetecia...
Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar o pranto...
Mar!
Fomos então a ti cheios de amor!
E o fingido lameiro, a soluçar,
Afogava o arado e o lavrador!
Mar!
Enganosa sereia rouca e triste!
Foste tu quem nos veio namorar,
E foste tu depois que nos traíste!
Mar!
E quando terá fim o sofrimento!
E quando deixará de nos tentar
 O teu encantamento!

Miguel Torga,

sexta-feira, 6 de julho de 2012



Eu quero o mapa das nuvens e um barco bem vagaroso.
Mario Quintana

Atargatis



Atargatis é a deusa síria do céu, do mar, da chuva e da vegetação.
Era uma deusa poderosa com atributos complexos. Como deusa celeste, surgia cercada de águias, viajando sobre as nuvens. Como regente do mar, uma deusa serpente ou peixe. E ainda, a deusa fertilizadora da chuva, com a água vindo das nuvens e das estrelas.
Conta uma lenda antiga que Atargatis desceu do céu como um ovo, do qual surgiu uma linda deusa sereia. E por ser considerada como Mãe dos Peixes, os sírios se recusavam a comer peixes ou pombos, que eram considerados animais sagrados.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Caballitos de mar



O teu silêncio é ave noturna
- Pupila que de remotas torres vigia.
Do filhote, já os trêmulos augúrios;
Do consorte, a fome de rapina.

Tem algo abissal, o teu silêncio
- Pérola onde toda luz ensaia.
Dos cavalos do mar, o galope náutico
E as líquidas crinas;
Das dorsais oceânicas, a geometria do assombro,
O sólido, frontal encanto.

Ato litúrgico, iluminuras, litanias
- o teu silêncio é ainda espargido incenso
( cinza imemorial e odora)
nave dos silêncios góticos que ergui.

(Melhor te amariam os olhos
que distraídos de mim te vissem.)

F. Campanella

Marinha



Desce a noite enrolada em brumas hibernais...
Trágica solidão, vago instante sombrio,
Em que, tonto de medo o olhar não sabe mais
Onde começa o mar e onde acaba o navio

Nem o arfar de uma vaga : o mar parece um rio
De óleo; oxidado o céu de nuvens colossais,
Um zimbório de chumbo acaçapado e frio,
Escondendo no bojo a alma dos temporais.

Nem das águas no espelho o reflexo de um astro...
Apenas o farol, no vértice do mastro
Rubra pupila, a arder, dentro de uma garoa...

E lá vai o navio , espectral, lento e lento,
Como um negro vampiro, enorme sonolento,
Pairando sobre um caos de tênebras, à toa.


Pethion de Villar


terça-feira, 3 de julho de 2012



O mar azul e branco e as luzidias
Pedras –- O arfado espaço
Onde o que está lavado se relava
Para o rito do espanto e do começo
Onde sou a mim mesma devolvida
Em sal espuma e concha regressada
À praia inicial da minha vida.


Sophia de Mello Andresen

segunda-feira, 2 de julho de 2012



Golfinho, meu mestre,
meu coração bate em pedras,
vem e me ensina o sonar.

Me encanta
o molejo dos deuses,
e me chama
o quebranto do mar.


Fernando Campanella


Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.


Guimarães Rosa


"Mãe, o que é que é o mar, Mãe?" Mar era longe, muito longe dali, espécie duma lagoa enorme, um mundo d´água sem fim, Mãe mesma nunca tinha avistado o mar, suspirava. "Pois, Mãe, então mar é o que a gente tem saudade?"


Guimarães Rosa


Miro um cavalo do mar
galopo em ternuras assim:
meu amor, te estendo meu leito,
descansa tua curvatura em mim.

Fernando Campanella