segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
domingo, 7 de novembro de 2010
Água marinha
Na mitologia, a Água-marinha é um presente de Netuno ás sereias e seres do mar. Dizia-se que as ninfas levavam as águas marinhas nas costas dos cavalos marinhos. Até hoje, a água-marinha é a pedra de proteção dos marinheiros.
É também conhecida por "reacender" o amor em casais ou fazer com que a pessoa que a carrega livre-se de toda maldade existente no mundo.
A água-marinha é considerada também o símbolo da felicidade e juventude eterna.
domingo, 24 de outubro de 2010
Coração de Pescador
Mar de tantos segredos
Gera encantos e medos
Sopra magia na alma do pescador
Que vive nas ondas do mar
Que vive dos peixes do mar.
Oceano infinito
Contorna povos une países
Mapeando o mundo, dominando a terra.
Entrelaça a vida dos homens da terra e do mar
Que respeitam e admiram Yemanjá.
No canto das sereias
Nas noites de lua cheia
A maresia que envolve a alma
Dos homens que vivem nas ondas do mar
Dos seres que vivem no fundo do mar.
Salgadas águas de paixão eterna
Encontram ilhas distantes
Desenham nas águas,
Caminhos a luz do luar
Na rede prendem o coração dos homens do mar.
Denise Portes
domingo, 17 de outubro de 2010
Imitação da água
De flanco sobre o lençol,
paisagem já tão marinha,
a uma onda adeitada,
na praia, te parecias
Uma onda que parava
ou melhor: que se continha;
que contivesse um momento
seu rumor de folhas líquidas.
Uma onda que parava
naquela hora precisa
em que a pálpebra da onda
cai sobre a própria pupila.
Uma onda que parava
ao dobrar-se, interrompida,
que imóvel se interrompesse
no alto de sua crista
e se fizesse montanha
(por horizontal e fixa),
mas que ao se fazer montanha
continuasse água ainda.
Uma onda que guardasse
na praia cama, finita,
a natureza sem fim
do mar de que participa,
e em sua imobilidade,
que precária se adivinha,
o dom de se derramar
que as águas faz femininas
mais o clima de águas fundas,
a intimidade sombria
e certo abraçar completo
que dos líquidos copias.
João Cabral de Melo Neto
Mar e lua
Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar
E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepios
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
e à beira-mar
Chico Buarque
O Poeta Marítimo
A noite vem de Bornéu
Clotilde se enrola no astracã
A tempestade lava os ombros da pedra
O grande navio ancora nos peixes dourados
Um menino serve-se da história de Robinson
Alguém grita
Pedindo uma outra vida um outro sonho
Um outro crime
Entre o amor e o álcool
Entre o amor e o mar.
Ouve-se distintamente
O respirar das hélices
O céu inventou o vento
A sereia enrola o mar com o rabo.
Murilo Mendes
Os Quatro Elementos (1945)
Amar-te no mar
sou coral, calor
apareço nos mares em avermelhado e luz
e tua aura, em verde e azul,
turquesa
cor de pedra sagrada,
és a água limpa e calma onde me banho,
coral, gata,
que quer tua luz serena
para ser sorte e pedra d’água
em espontânea coragem e comunicação etérea
de palavras, sons, imagens,
respirar-te
Cristiane Grando
Cais
O gesto de partir nada tem de mágico.
Os mares que percorro são profundos
e as noites que miro são escuras.
O barco que me leva, busca um porto
onde eu possa germinar silenciosa.
Os faróis mal iluminam os recifes
e vez por outra um tranco me sacode.
As garrafas de gim estão vazias
e a lucidez me espreita nas balsas
que procuram náufragos e bêbados.
A manhã vem rompendo macia
na boca e nos beijos de uma muIher
saindo das conchas dos sonhos.
O gesto de partir nada tem de mágico.
E ancorado nuns braços
em meio a tormenta, fico.
O gesto de ficar é mais fascínio.
Ah! Quanta ventura em jogar a âncora
e ir ficando, no teu corpo, ir ficando…
Jurema Barreto de Souza
sábado, 17 de julho de 2010
quinta-feira, 17 de junho de 2010
quinta-feira, 8 de abril de 2010
Canção do amor-perfeito
Eu vi o raio de sol
beijar o outono.
Eu vi na mão dos adeuses
o anel de ouro.
Não quero dizer o dia.
Não posso dizer o dono.
Eu vi bandeiras abertas
sobre o mar largo
e ouvi cantar as sereias.
Longe, num barco,
deixei meus olhos alegres,
trouxe meu sorriso amargo.
Bem no regaço da lua,
já não padeço.
Ai, seja como quiseres,
Amor-Perfeito,
gostaria que ficasses,
mas, se fores, não te esqueço.
Cecilia Meireles
quarta-feira, 7 de abril de 2010
O Rei do Mar
Muitas velas. Muitos remos.
Âncora é outro falar...
Tempo que navegaremos
não se pode calcular.
Vimos as Plêiades. Vemos
agora a Estrela Polar.
Muitas velas. Muitos remos.
Curta vida. Longo mar.
Por água brava ou serena
deixamos nosso cantar,
vendo a voz como é pequena
sobre o comprimento do ar.
Se alguém ouvir, temos pena:
só cantamos para o mar...
Nem tormenta nem tormento
nos poderia parar.
(Muitas velas. Muitos remos.
Âncora é outro falar...)
Andamos entre água e vento
procurando o Rei do Mar. ..
Cecilia Meireles
Pequena canção da onda
Os peixes de prata ficaram perdidos,
com as velas e os remos, no meio do mar.
A areia chamava, de longe, de longe,
ouvia-se a areia chamar e chorar!
A areia tem rosto de música
e o resto é tudo luar!
Por ventos contrários, em noites sem luzes,
do meio do oceano deixei-me rolar!
Meu corpo sonhava com a areia, com a areia,
desprendi-me do mundo do mar!
Mas o vento deu na areia.
A areia é de desmanchar.
Morro por seguir meu sonho,
longe do reino do mar!
Cecília Meireles
Fragilidade
Marinha
O barco é negro sobre o azul.
Sobre o azul, os peixes são negros.
Desenham malhas negras as redes, sobre o azul.
Sobre o azul, os peixes são negros.
Negras são as vozes dos pescadores,
atirando-se palavras no azul.
É o último azul do mar e do céu.
A noite já vem, dos lados de Burma,
toda negra,
molhada de azul:
– a noite que chega também do mar.
Cecília Meireles
Pescaria
Cesto de peixes no chão
Cheio de peixes, o mar.
Cheiro de peixe pelo ar.
E peixes no chão.
Chora a espuma pela areia,
na maré cheia.
As mãos do mar vêm e vão,
as mãos do mar pela areia
onde os peixes estão.
As mãos do mar vem e vão,
em vão.
Não chegarão
aos peixes do chão.
Por isso chora, na areia,
a espuma da maré cheia.
Cecilia Meireles
quarta-feira, 31 de março de 2010
Se eu te dissesse o meu amor...
(Olha o mar como é vasto! Ouve o mar como geme!)
Se eu te dissesse o meu amor!
(É meu braço que treme ou teu braço que treme?)
Se eu te dissesse o meu amor?
(Olha como o céu esplende! Olha como o sol aquece!)
Se eu te dissesse o meu amor...
Mas teu corpo estremece...
A minha alma estremece
como se eu te dissesse
o meu amor...
Menotti del Picchia
domingo, 21 de março de 2010
Vozes do mar
Quando o sol vai caindo sobre as águas
Num nervoso delíquio d'oiro intenso,
Donde vem essa voz cheia de mágoas
Com que falas à terra, ó mar imenso?...
Tu falas de festins, e cavalgadas
De cavaleiros errantes ao luar?
Falas de caravelas encantadas
Que dormem em teu seio a soluçar?
Tens cantos d'epopeias? Tens anseios
D'amarguras? Tu tens também receios,
Ó mar cheio de esperança e majestade?!
Donde vem essa voz, ó mar amigo?...
... Talvez a voz do Portugal antigo,
Chamando por Camões numa saudade!
Florbela Espanca
sábado, 20 de março de 2010
Água Doce
É doce morrer no mar
É doce morrer no mar,
Nas ondas verdes do mar
A noite que ele não veio foi,
Foi de tristeza pra mim
Saveiro voltou sozinho
Triste noite foi pra mim
É doce...
Saveiro partiu de noite, foi
Madrugada não voltou
O marinheiro bonito
Sereia do mar levou.
É doce...
Nas ondas verdes do mar, meu bem
Ele se foi afogar
Fez sua cama de noivo
No colo de Iemanjá
(Dorival Caymmi)
quinta-feira, 18 de março de 2010
A origem da sereia
Essa é uma lenda contada em Cantabria (Espanha) sobre a origem da sereia:
"Uma jovem muito linda, de alva pele, esbelta tinha o costume de percorrer as íngremes escarpas da costa para pescar mariscos e também satisfazer a sua paixão de cantar.
Foi repreendida várias vezes por sua mãe para evitar uma possível desgraça e para moderar-se em suas ininterruptas fugas. Porém a jovem, nunca levou em conta os pedidos da mãe. Muito pelo contrário, deleitava-se a entoar suas canções sobre os penhascos, embriagada de euforia.
Porém, a mãe cansada de sua desobediência, em um momento de raiva lhe lançou a seguinte maldição:
-Assim permita Deus do Céu que te transformes em peixe!
E, imediatamente a bela jovem fugitiva transformou-se em uma belíssima mulher com rabo de peixe".
O poder das sereias
As sereias têm uma doce e melodiosa voz em que concentram todo o seu poder. Com seu canto podem enfeitiçar e fazer enlouquecer os homens, os pássaros, os peixes, o vento e a água. Como os outros elementais da natureza, se comunicam com todos os seres vivos e são capazes de controlar as forças naturais em seu benefício, dentro de certos limites. Seu poder está associado a lenda negra que conta que elas alcançam seu grau máximo nas noites de lua cheia, quando sobem à superfície e com seus cantos chamam as nevoas, refugiando-se nelas para esperarem os barcos que passam próximos de seus refúgios. Outras vezes, seus cantos são destinados aos ouvidos dos marinheiros que caem enfeitiçados e acabam loucos ou mortos.
As formas das sereias
As sereias, dentro de suas múltiplas habilidades, podem trocar de forma. A imagem mais comum na Antiguidade Clássica, foi a de mulher-ave, conhecida também como Hárpia, para só na época medieval per se convertido em mulher-peixe.
A sereia-hárpia, cuja imagem apresenta um rosto de mulher e o resto de uma ave rapina, personifica as tempestades e a morte, sendo encarregada de raptar os seres humanos para logo oferecê-los ao deus do inferno. Esse ser aparece descrito por Homero e sobrevive na época de São Isidoro, mantendo-se inclusive até o século XII nas representações das igrejas romanas, porém já não são vistas na arte gótica.
Há também, alguns relatos que uma sereia pode desintegrar sua cauda de peixe e converter-se em uma mulher de aspecto completamente humano. Para Nancy Arrowsmith, quando viajam pelo mar, só podem tomar a forma de mulher-peixe ou golfinho e se o fazem pelo ar, aparecem como gaivotas ou águias (essa é uma qualidade mais própria das nereidas).
Sua altura habitual é de um metro e meio. São muito belas e adoram jóias e pedras preciosas. Como o resto das fadas dormem durante todo o dia e somente é possível vê-las ao amanhecer ou no pôr-do-sol.
Sereias
Segundo uma lenda, no ano 558, uns pescadores de Belfast Lough (Irlanda do Norte), ouviram o canto de uma sereia e foram pescá-la com suas redes.
Conseguiram resgatar uma sereia que se chamava Liban, filha de Eochaidh, na praia de Ollarbha, na rede de Beon, filho de Inli. A colocaram num aquário, do mesmo modo que um peixe e ali ela permaneceu por durante 300 anos. Durante esse tempo, desejou ardentemente por sua liberdade. Uns monges piedosos resolveram libertá-la, mas antes a batizaram segundo o rito cristão, dando-lhe o nome de Murgen, que significa "nascida no mar". Depois desejou a morte para salvar sua alma. Desde do dia que morreu ficou conhecida como a Santa Murgen, aparecendo com essa denominação em certos almanaques antigos e no santoral irlandês, sendo atribuídos à ela vários milagres.
quarta-feira, 17 de março de 2010
Obsessão do mar oceano
Vou andando feliz pelas ruas sem nome...
Que vento bom sopra do Mar Oceano!
Meu amor eu nem sei como se chama,
Nem sei se é muito longe o Mar Oceano...
Mas há vasos cobertos de conchinhas
Sobre as mesas... e moças na janelas
Com brincos e pulseiras de coral...
Búzios calçando portas... caravelas
Sonhando imóveis sobre velhos pianos...
Nisto,
Na vitrina do bric o teu sorriso, Antínous,
E eu me lembrei do pobre imperador Adriano,
De su'alma perdida e vaga na neblina...
Mas como sopra o vento sobre o Mar Oceano!
Se eu morresse amanhã, só deixaria, só,
Uma caixa de música
Uma bússola
Um mapa figurado
Uns poemas cheios de beleza única
De estarem inconclusos...
Mas como sopra o vento nestas ruas de outono!
E eu nem sei, eu nem sei como te chamas...
Mas nos encontramos sobre o Mar Oceano,
Quando eu também já não tiver mais nome.
Mario Quintana - O Aprendiz de Feiticeiro
Oceano Nox
Junto do mar, que erguia gravemente
A trágica voz rouca, enquanto o vento
Passava como o vôo do pensamento
Que busca e hesita, inquieto e intermitente,
Junto do mar sentei-me tristemente,
Olhando o céu pesado e nevoento,
E interroguei, cismando, esse lamento
Que saía das coisas, vagamente...
Que inquieto desejo vos tortura,
Seres elementares, força obscura?
Em volta de que idéia gravitais?
Mas na imensa extensão, onde se esconde
O Inconsciente imortal, só me responde
Um bramido, um queixume, e nada mais...
Antero de Quental, in "Sonetos"
A concha e a virgem
Linda concha que passava,
Boiando por sobre o mar,
Junto a uma rocha, onde estava
Triste donzela a pensar,
Perguntou-lhe: — "Virgem bela,
Que fazes no teu cismar?"
— "E tu", pergunta a donzela,
"Que fazes no teu vagar?"
Responde a concha: — "Formada
Por estas águas do mar,
Sou pelas águas levada,
Nem sei onde vou parar!"
Responde a virgem sentida,
Que estava triste a pensar:
— "Eu também vago na vida,
Como tu vagas no mar!
"Vais duma a outra das vagas,
Eu dum a outro cismar;
Tu indolente divagas,
Eu sofro triste a cantar.
"Vais onde te leva a sorte,
Eu, onde me leva Deus:
Buscas a vida, — eu a morte;
Buscas a terra, — eu os céus!
António Gonçalves Dias
POEMA-1
domingo, 31 de janeiro de 2010
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
Mar profundo
Tela de Bruno Cardona
"Anoiteceu no meu olhar de feiticeira, de estrela do mar, de céu, de lua cheia, de garça perdida na areia.
Anoiteceu no meu olhar, perdi as penas, não posso voar,
deixei filhos e ninhos, cuidados, carinhos, no mar.
Só vei voar dentro de mim neste sonho de abraçar
o céu sem fim, o mar, a terra inteira!
E trago o mar dentro de mim, com o céu vivo a sonhar e vou sonhar até ao fim, até não mais acordar.
Então, voltarei a cruzar este céu e este mar, voarei, voarei sem parar á volta da terra inteira!
Ninhos faria de lua cheia e depois, dormiria na areia..."
(Dulce Pontes)
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
Mulher revoltada‚ come frito peixinhos de estimação do ex-marido
Após uma discussão com o ex-marido, uma mulher fritou os peixinhos dourados de estimação que o casal havia comprado e estavam na casa do homem, em um subúrbio de Houston, no estado do Texas (EUA), segundo a emissora americana de TV "Fox".
De acordo com o porta-voz da polícia de Pasadena, Vance Mitchell, a ex-mulher pegou os sete peixes dourados que estavam no apartamento do ex-marido e, depois de fritá-los, comeu alguns deles.
Mitchell destacou que a discussão começou sobre algumas joias que o homem tinha dado para a ex-mulher, mas pegou de volta. Ela queria que ele lhe entregasse as joias.
Ao chegar à casa da mulher, os agentes encontraram quatro peixinhos fritos em um prato. A mulher contou que já havia comido os outros três.
Português Brincando Com um Peixinho
Estava o português em um daqueles imensos aquários, quando se depara com um japonês brincando com um peixinho. Não é que o japonês colocava o dedo num lugar do vidro do aquário e lá ia o peixinho, colocava noutro, e o peixinho como que hipnotizado seguia. O português muito impressionado foi lá perguntar ao japonês como é que ele conseguia aquilo. Ao que o japonês respondeu:
- Simples, mente supelior domina mente infelior, né.
Entra o intervalo comercial, e meia hora depois se retoma a cena. Lá está o português em frente ao peixinho abrindo e fechando a boca.
Peixinho dourado!
A morte do peixinho!
Um sujeito estava no jardim de sua casa quando vê o vizinho, no jardim ao lado, cavando um buraco.
Curioso, ele se aproxima da cerca que divide as duas casas e pergunta ao vizinho:
- O que você está fazendo?
- Cavando um buraco pra enterrar meu peixinho dourado que morreu!
- Nossa! Mas esse buraco não é grande demais pra um peixinho de aquário?
- Não. É que o peixinho está dentro da barriga do imbecil do seu gato!
domingo, 10 de janeiro de 2010
Dinamarca
A Sereia
Um velho marinheiro estava muito triste, sentado perto de um grande rochedo, aonde as ondas do mar vinham bater com toda força fazendo um enorme barulho e deixando um lençol branco de espuma.
Olhando toda aquela beleza pensava como era feliz quando mais jovem e cheio de energia ia para o mar navegar. Sempre tinha em mente que algum dia encontraria uma sereia. Mas havia passado uma grande parte de sua vida, dedicado ao mar e nunca tinha ouvido o canto da sereia.
Os marinheiros contavam histórias de sereias e de como elas eram bonitas.
___Como gostaria que acontecesse alguma coisa em minha vida, para que pudesse realizar o meu grande sonho.
Olhou firme para o mar batendo nas pedras e gritou bem alto:
____Sereia desse imenso mar azul, realize o meu sonho, apareça e cante para mim.
Houve um grande silêncio, até as ondas não estouraram nos rochedos, Os pássaros voaram para longe. Era como se o tempo tivesse parado.
Ao longe começou a ouvir um som agudo e depois esse som se tornou melodioso.
O marinheiro colocando as mãos na boca, espantado falou bem baixo: __Não, não é verdade! Não pode ser! Acho que é o canto da sereia!
Então da água, começou a emergir os mais belos cabelos longos e um lindo rosto de mulher, como ele nunca tinha visto, olhava e acenava as mãos.
O pescador olhou e disse:
___É uma mulher que está mergulhando próximo do rochedo, é muito perigoso! Que pena, bem que poderia ser uma sereia!
Ele gritou:
___Moça, saia de perto das pedras, a maré vai subir e você vai se machucar.
Ela sorriu.
___Você não me chamou? Eu estou aqui! Estou sempre perto de você, mas você está sempre tão ocupado não me notava.
O pescador levou um grande susto, quando aquele ser mitológico metade mulher, metade peixe foi saindo da água sentando em uma pedra, sorriu batendo a cauda na água provocando espumas para todos os lados.
A sereia percebeu lágrimas nos olhos do pescador que mais pareciam pérolas e ficou penalizada. Pensou, pensou e disse:
___Pescador, vamos fazer um trato? Não gosto de ver um homem do mar triste, enquanto você viver, eu ficarei aqui nos rochedos para que possa conversar comigo quando quiser.
Ele não podia acreditar no que ouvia e via.E acenou com a mão num sinal de positivo.
Rumou para casa acenando para a sereia e ela respondia com seu canto maravilhoso e no seu nadar sedutor, dizendo:
___Eu voltarei, até mais amigo!
Neuza Razza
Sereia
Clara como a luz do sol
Clareira luminosa
Nessa escuridão
Bela como a luz da lua
Estrela do oriente
Nesses mares do sul
Clareira azul no céu
Na paisagem
Será magia, miragem, milagre
Será mistério!...
Prateando horizontes
Brilham rios, fontes
Numa cascata de luz
No espelho dessas águas
Vejo a face luminosa do amor
As ondas vão e vem
E vão e são como o tempo...
Luz do divinal querer
Seria uma sereia
Ou seria só
Delírio tropical, fantasia
Ou será, um sonho de criança
Sob o sol da manhã...
Clara como a luz do sol
Clareira luminosa
Nessa escuridão, hum! hum!
Bela como a luz da lua
Estrela do oriente
Nesses mares do sul
Clareira azul no céu
Na paisagem
Será magia, miragem, milagre
Será mistério!...
Prateando horizontes
Brilham rios, fontes
Numa cascata de luz
No espelho dessas águas
Vejo a face luminosa do amor
As ondas vão e vem
E vão e são como o tempo...
Luz do divinal querer
Seria uma sereia
Ou seria só
Delírio tropical, fantasia
Ou será, um sonho de criança
Sob o sol da manhã...
Composição: Lulu Santos / Nelson Motta
Soneto da Sereia
Quando vejo na praia a bela sereia
Meu coração queima em ardor.
Será o fogo da bela na areia,
Ou será a chama queimando de amor?
A bela que passa marcando a areia,
Traz fogo à água com marcas de amor.
O fogo ardente faz bela a sereia,
A musa da água que arde em calor.
O mar de fogo beijando a areia
Incendeia a praia, braseia o coração.
Será a magia da bela sereia?
Será o fogo da beleza alheia?
Sonhos sublimes sonhados em vão,
Solenes sonhos… sonhadas sereias.
A sereia e o pescador
C’est la sirene,
Qui va chanter
La cantilene,
Qui fait aimer.
Sereia
Viver aqui eu não posso
Nem no vale, nem na serra;
Eu não sou filha da terra,
Eu sou sereia do mar.
Correi, ondas, brandamente,
Correi, vinde me buscar.
Nasci no seio das vagas,
Numa gruta de cristal;
Em colunas de coral
O meu berço se embalou.
Ondas, levai-me convosco,
Que eu desta terra não sou.
O amor criou-me entre pérolas
Sobre fúlgidas areias,
Mago canto de sereias
Meus sonos acalentou.
Ondas, levai-me convosco,
Que eu também sereia sou.
Eu não sou filha da terra,
Vivo triste nestas plagas;
Embalada sobre as vagas,
Só no mar quero viver.
Correi, vinde, ó minhas ondas.
A meus pés vinde gemer,
No regaço cristalino
Brandamente me tomai;
Aos plácios de meu pai
Vinde, vinde me levar.
Correi, ondas, pressurosas,
Levai a filha do mar.
E se alguém na terra ingrata
Sentindo loucos amores,
Meus encantos e favores
Insensato desejar,
Em torno a mim, bravas ondas,
Vinde em fúria rebentar.
Em solitário rochedo,
Batido pelas tormentas,
Ide, ó ondas turbulentas,
Ide longe me ocultar.
Rugindo ali noite e dia,
Guardai a filha do mar.
Sentada ao pé de um rochedo,
Com os pés na branca areia,
Assim cantava a sereia
A linda filha do mar.
E a onda mansa, gemendo,
Os pés lhe vinha beijar.
Pescador, que além vogava,
No seu batel escondido,
Absorto prestava ouvido
A tão saudoso cantar,
E a vela e o remo esquecia
Ouvindo a filha do mar.
III
PESCADOR
Não mais lamentes
Em tom magoado
Teu triste fado,
Filha do mar.
Vem a meu barco,
Nos braços meus
Aos lares teus
Te irei levar.
De novo os belos
Paços reais,
Entre os cristais
Irás saudar,
E sobre as finas,
Fulvas areias,
Entre as sereias
Irás cantar.
Embora sejam
Teus ermos lares
Entre os algares
Do fundo mar.
Sejam embora
Negro alcantil,
Que monstros mil
‘Stão a guardar,
Onde as tormentas
Sempre batendo,
Com ronco horrendo
Vão rebentar.
Irei, se queres,
Agora mesmo,
Sem medo, a esmo
Te acompanhar.
Meu barco é leve,
Meu braço é forte,
E a própria morte
Sabe afrontar.
Só peço em paga
Da doce lida
Passar a vida
A te adorar,
E a teus joelhos
Sempre prostrado
Teu rosto amado
A contemplar.
Oh! vem comigo,
Vem pressurosa,
Vem, ó formosa
Filha do mar.
IV
Calou-se o barqueiro amante;
Mas depois ouviu, tremendo,
Um canto, que mais ao longe,
Mais ao longe foi morrendo.
A cantar e a fugir
A sereia ia dizendo:
SEREIA
Eu sou pérola das vagas,
Que nao sei, nem quero amar;
O meu peito é como a rocha,
Onde em vão esbarra o mar.
Mancebo, vai noutra parte
Teus amores suspirar.
Do que existe sobre a terra
Nada me pode agradar;
Só amo a Deus nas alturas,
E a liberdade no mar.
Mancebo, vai noutra parte
Teus amores suspirar.
V
Desta canção fugitiva
Os ecos ainda duravam,
E nas praias suspiravam
Entre os bramidos do mar;
E o pescador entre angústias
Sentia o peito estalar.
PESCADOR
Por que foges, branca fada
De formosura sem par?
Por que me escondes teu brilho,
Formosa estrela do mar?…
Ronca em torno a tempestade.
Meu barco vai soçobrar.
Só tu podes no meu peito
Uma esperança plantar;
E as tormentas, que me cercam,
Com tua luz aplacar.
Nestes medonhos abismos
Nao me deixes soçobrar.
Ferve o mar, o céu em chamas
Vem abismos aclarar;
Nestas águas desastrosas
Vai meu barco soçobrar.
Vem salvar-me por piedade,
Formosa estrela do mar.
VI
Longos dias se passaram;
Ninguém mais ouviu cantar
A linda filha das águas
Nem na praia, nem no mar.
E vivia o pescador
Triste e só a definhar.
Se ousava nas ermas praias
Seu queixoso canto alçar,
Só ouvia longe, longe
Uma voz a lhe bradar:
“Mancebo, vai noutra parte
Teus amores suspirar.”
VII
Passaram mais dias, meses;
já cansado de pensar
O pescador sem
barco soltou ao mar.
Ei-lo sem norte e sem rumo
Nas ondas a resvalar.
Ei-lo que vai mar em fora.
Nas ondas do mar bravio
Seu amor louco e sombrio
Quer consigo sepultar.
Contra uma rocha empinada
Vai seu barco espedaçar.
Mas eis soa-lhe aos ouvidos
Voz celeste e maviosa,
Em toada lamentosa
Tristes coplas a cantar.
Aos acentos suspirosos
Cala a brisa, e geme o mar.
VIII
SEREIA
Sou moça e sou formosa;
Dos mares sou princesa;
Em graças e beleza
Jamais achei igual.
E vivo aqui sozinha,
Ai céus! para meu mal.
E vivo aqui sozinha
No seio de esplendores;
Ninguém quer meus amores
Ninguém me vem buscar.
E eu sou a mais formosa
Das filhas deste mar.
E eu sou a mais formosa
E a mais alva açucena,
Que sobre a onda serena
Balança o airoso hastil.
Mas nesta solidão
Que serve ser gentil?
Mas nesta solidão
Ninguém vem consolar-me;
E sempre a lastimar-me
Aqui morrerei só.
Ai triste de mim! triste!
Ninguém de mim tem dó.
IX
Ouvindo a canção chorosa
O barqueiro estremeceu,
E entregue a seus devaneios
O leme e a vela esqueceu
E com olhar desvairado
O horizonte percorreu.
Nem no mar, nem no rochedo
Vulto humano percebeu
E esta frase piedosa
Pelos lábios lhe tremeu:
“Esta triste, que assim chora,
É infeliz, como eu.”
Depois firme e resoluto
Em pé na proa se ergueu,
E para às alheias mágoas
Juntar o queixume seu
Alçando a voz sobre as vagas
Desta sorte respondeu:
X
PESCADOR
Por entre as ondas bravias,
De mil tormentas batido,
Em busca de um bem perdido
Voga, voga, ó batel meu.
Voga!…um dia saberemos
Onde a ingrata se escondeu.
Houve um dia, uma sereia…
Oh! que linda ela não era!…
Porém tão ingrata e fera,
Que de amor me enlouqueceu.
Dizei, nuas penedias,
Onde a ingrata se escondeu.
Ela deixou-me, – a cruel! -
Entregue a negros pesares,
Lastimando sobre os mares
O triste destino meu.
Dizei-me, ó ondas sonoras,
Se ela de mim se esqueceu
Se nas asas do tufão
Devassando o mar profundo
Na raia extrema do mundo
A meus olhos se escondeu,
Neste barco aventureiro.
Lá mesmo voarei eu.
Se entre monstros marinhos
Lá no mais fundo dos mares,
Em cristalinos algares
Se oculta o retiro seu,
Em meu amor confiado
Lá também descerei eu.
Se entre rochas malditas,
Entre grossos vagalhões,
Defendidos por dragões
Seus palácios escondeu,
Mil mortes desafiando
Lá mesmo chegarei eu.
Por entre as ondas bravias
De mil tormentas batido
Em busca de um bem perdido
Voga, voga, ó batei meu.
Voga!…um dia saberemos,
Onde a ingrata se escondeu.
XI
SEREIA
Nestas praias solitárias
Que procuras, pescador?…
Vens buscar pérola finas,
E corais de alto valor?…
Se tais tesouros desejas,
Voga além, ó pescador.
Que estrela por estes mares
Te conduz, o pescador?…
Queres ser nauta valente,
Deste mares ser o senhor?…
Se tal ambição te ocupa
Passa além, ó pescador.
Os mistérios saber queres
Desta ilha, ó pescador?…
E deste asilo os segredos
Aos olhos do mundo expor?
Se é esse o desejo teu,
Vai-te embora, ó pescador.
Mas se perigos insanos
Afrontando sem pavor,
Nesta ilha solitária
Tu vens procurar amor
A meus braços sem detença,
Corre, voa, ó pescador.
XII
Na base da penedia
O vulto branco surdiu
De uma donzela formosa
Como igual nunca se viu.
Para lá o pescador
O barco seu impeliu.
Saltando na branca areia
Aos pés da bela caiu;
Mas ela com brando riso
Meigas frases proferiu,
Beijou-lhe a fronte incendida
E os alvos braços lhe abriu
O batel abandonado
No pego se submergiu,
E o ditoso par amante
Entre rochas se sumiu,
E por aquelas paragens
Nunca mais ninguém os viu.
Às vezes por horas mortas,
Pelas noites de luar
Ao largo vê-se um barquinho
Solitário a velejar.
Quem vai dentro não se sabe
Nem se vê ninguém remar.
Apenas ouve-se um canto,
Tão triste, que faz chorar;
E os pescadores, que o ouvem,
Começam logo a rezar,
Dizendo consigo: é ela,
É ela, a filha do mar!
Bernardo Guimarães
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